Política

Senado aprova parecer que suspende decreto de armas de Bolsonaro

O documento que susta o decreto retorna à Câmara. Lá, passará por uma nova votação, que ainda não tem data prevista

Senado aprova parecer que suspende decreto de armas de Bolsonaro
Senado aprova parecer que suspende decreto de armas de Bolsonaro
Fernando Frazão/Agência Brasil Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O Congresso impôs mais uma derrota para Jair Bolsonaro (PSL). Nesta terça-feira 18, o decreto de flexibilização do porte de armas, uma das principais propostas do presidente, foi recusado por 47 votos a 28 no plenário do Senado. A proposta havia sido duramente rechaçada na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, por 15 votos a 9, gerando o parecer contrário à política armamentista que foi votado nesta terça.

Agora, o documento que susta o decreto de Bolsonaro retorna à Câmara. Lá, passará por uma nova votação, que ainda não tem data prevista. Com as rejeições no currículo, a sinalização é de mais um fracasso para o governo entre os deputados.

O presidente da República havia editado três decretos sobre armas. O primeiro, em 15 de janeiro, com as novas regras sobre posse; o segundo, em 8 de maio, que previa novas regras sobre porte e compra de munições; e o terceiro, de 22 de maio, em que o governo, pressionado, recuou sobre a compra de fuzis. No ato, Bolsonaro alterou o Estatuto do Desarmamento e concedeu o porte a 20 categorias de profissionais, como advogados, profissionais de imprensa que trabalham com cobertura policial e oficiais de Justiça.

“Voltaríamos ao faroeste”

Na sessão no Senado, entre a minoria favorável à facilitação do porte de armas, estava o senador Lasier Martins (Podemos-RS). “O cidadão, em geral, é indefeso. Ele tem direito de se armar e proteger a sua família”, argumentou. O senador Marcos Do Val (Cidadania-ES) também mostrou seu entusiasmo com o projeto. “Não vai existir lei que desarma o criminoso. O cidadão é o mais penalizado. O Estatuto do Desarmamento foi uma falência”, atacou.

Havia também os parlamentares a favor, “mas não tanto”. O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) demonstrou desconfiança com o decreto. “É louvável que o presidente mantenha o que prometeu na campanha. Não sou contra o decreto, mas não me lembro de ele falar que, no porte, haveria direito até a fuzil”, afirmou, sem considerar que o porte de fuzis foi revogado em maio. O tucano Plínio Valério (PSDB-AM) seguiu em linha semelhante: “Eu sempre disse: posse, 100% de apoio. Mas o leque desse decreto me assusta. Abrange muitas categorias”, apontou.

Para o senador Paulo Paim (PT-RS), o estatuto do desarmamento seria substituído por um “decreto do armamento”. “Não podemos delegar à população o que é dever do Estado. Com esse decreto, cada um puxa o seu canhão mais poderoso e vai para o combate. Voltaríamos ao faroeste, a um filme de bangue-bangue”, acusou.

Segundo pesquisa do Ibope realizada em março e divulgada no início de junho, 73% dos entrevistados pelo instituto foram contrários à flexibilização de porte para cidadãos comuns, contra 26% favoráveis. Sobre a posse de armas, a maioria foi similar: 61% contra a facilitação para ter arma em casa, enquanto 37% eram concordantes. O censo afirma que o apoio à flexibilização é maior entre homens.

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