Justiça
STJ reconhece que existem indícios de racismo no caso de homem morto por seguranças do Carrefour
Em 2020, João Alberto Silveira Freitas foi brutalmente agredido por funcionários do supermercado em Porto Alegre
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça reconheceu que existem indícios de crime de racismo no caso de João Alberto Silveira Freitas, agredido até a morte por seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre. O crime aconteceu em novembro de 2020.
A decisão aconteceu após o Tribunal acolher um recurso apresentado pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, que questionou a decisão da Justiça gaúcha de não reconhecer sinais de preconceito contra a vítima. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul alegou a ausência de relatos de ofensas raciais explícitas contra João Alberto pelas testemunhas que foram ouvidas.
Para o ministro Sebastião Reis Júnior, relator do caso que analisou o recurso apresentado pelo MP, a ausência de manifestações racistas explícitas não impede o reconhecimento de motivação baseada em racismo. Em sua decisão, o relator levou em consideração o depoimento da delegada de polícia responsável pelo inquérito. Ela chegou à conclusão de que a cor e a classe social da vítima tiveram influência na abordagem feita pelos funcionários do supermercado.
O relator também apontou que o fato da vítima ser um homem negro, que foi monitorado de forma intensa dentro do estabelecimento e submetido a uma situação de extrema violência, “é um dado relevante que não pode ser desconsiderado nessa fase processual”.
Com a manifestação do STJ, os jurados do tribunal do júri deverão analisar a existência de provas suficientes para indicar a autoria pelos crimes aos quais os réus são acusados, incluindo o de racismo.
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