Justiça
MPF fala em motivação golpista e processa envolvidos em bloqueios na Dutra em 2022
Órgão moveu uma ação contra cinco pessoas e duas transportadoras que participaram de bloqueios na Rodovia Presidente Dutra (BR-116) para protestar contra a eleição de Lula
O Ministério Público Federal moveu uma ação contra cinco pessoas e duas transportadoras que participaram de bloqueios ilegais na Rodovia Presidente Dutra (BR-116) para protestar contra a eleição de Lula (PT) em 2022. O MPF aponta que os atos tiveram motivação golpista e acarretaram prejuízos à ordem social, à economia e a serviços essenciais.
O órgão pede que os réus sejam condenados ao pagamento de indenizações por danos morais coletivos. Os valores estabelecidos na ação variam de 5 mil reais a 40 mil reais por réu, de acordo com o grau de participação de cada um, a gravidade dos danos e os veículos utilizados.
A ação afirma que os bloqueios geraram impactos sobre o escoamento de mercadorias, o deslocamento de pacientes para procedimentos emergenciais e o transporte de medicamentos e outros insumos de saúde.
“Tais consequências transcendem o mero transtorno individual, configurando um severo ataque à ordem pública e à economia nacional”, frisou o procurador da República Fernando Lacerda Dias, autor da ação do MPF. Segundo ele, “tal situação gera frustração em massa, sensação de insegurança e instabilidade social, ao demonstrar a vulnerabilidade da infraestrutura logística frente a atos ilegais.”
Registro de bloqueio bolsonarista na Via Dutra, entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Foto: Mauro Pimentel/AFP
Três dos réus foram identificados como líderes do movimento, capitaneado por um grupo de caminhoneiros com influência sobre profissionais do setor. A ação do MPF abrange também a participação de dois deles em outro bloqueio realizado na mesma região, em março de 2021, quando integrantes da categoria promoveram atos em diversos locais do país por reivindicações relacionadas ao transporte rodoviário.
O MPF aponta que a atuação do réus nas ilegalidades é comprovada a partir de informações que a Polícia Rodoviária Federal coletou e imagens cedidas pela concessionária da Dutra e periciadas pela Polícia Federal.
Segundo as investigações, os atos de 2022 envolveram o abandono de veículos nas pistas para a obstrução da passagem na altura do km 161 da rodovia e a imposição de entraves à circulação nas imediações da Refinaria Henrique Lage do Vale do Paraíba (Revap), em São José dos Campos.
Já as apurações sobre o bloqueio realizado em 2021 apontaram não só a ocupação ilegal das faixas de rolamento, mas também práticas de vandalismo, como o corte de mangueiras de combustível e sistemas de freio de caminhões para impedir que motoristas deixassem o local.
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