Justiça
Justiça condena Glenn Greenwald a pagar R$ 200 mil a Moro por chamá-lo de ‘corrupto’
Para juíza, o jornalista recorreu a um tom impróprio, de conteúdo ‘constrangedor’, em um ambiente virtual de rápida disseminação


A juíza Juliane Velloso Stankevecz, da 17ª Vara Cível de Curitiba (PR), condenou o jornalista Glenn Greenwald a pagar uma indenização de 200 mil reais ao senador Sergio Moro (União-PR) por danos morais, após chamá-lo de “corrupto” em uma publicação no X em 2022. Cabe recurso contra a ordem, assinada na última sexta-feira 30.
Diz a postagem contestada, escrita originalmente em inglês: “O corrupto juiz brasileiro que ordenou a prisão de Lula em 2018 para impedi-lo de concorrer à Presidência, e que em seguida foi trabalhar para Bolsonaro ocupando o cargo de Ministro da Justiça (como uma forma de deixar de acusar Bolsonaro de corrupção), está agora concorrendo à Presidência da República, e acusa Bolsonaro e Lula de fazerem campanha de apoio a Putin”.
À época, Moro, ex-juiz da Lava Jato, era pré-candidato ao Palácio do Planalto, disputa da qual ele desistiu para concorrer ao Senado.
Em sua defesa, Greenwald afirmou não haver um ato mais corrupto por parte de um juiz do que “ser parcial ao condenar alguém à prisão”. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal anulou as condenações de Lula (PT) na Lava Jato ao declarar a incompetência da 13ª Vara de Curitiba (da qual Moro foi titular) e a suspeição do então juiz federal.
Para a juíza, o jornalista recorreu a um tom impróprio, de conteúdo “constrangedor”, em um ambiente virtual de rápida disseminação.
Ela reforçou que o STF concluiu pela suspeição de Moro, mas não o classificou como corrupto. Disse também que, embora Greenwald sustente ter empregado o termo “corrupção” com outra conotação, “é inafastável o reconhecimento da responsabilidade do jornalista pela forma como a mensagem é recebida e interpretada por seus destinatários”.
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