Justiça

Trama golpista: defesa de Anderson Torres abre mão do depoimento de Paulo Guedes como testemunha

O ex-ministro da Economia seria ouvido nesta quinta-feira

Trama golpista: defesa de Anderson Torres abre mão do depoimento de Paulo Guedes como testemunha
Trama golpista: defesa de Anderson Torres abre mão do depoimento de Paulo Guedes como testemunha
Paulo Guedes e Jair Bolsonaro. Foto: EVARISTO SA/AFP
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O depoimento do ex-ministro da Economia Paulo Guedes à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da trama golpista, que aconteceria na manhã desta quinta-feira 29, foi cancelado a pedido da defesa do também ex-ministro Anderson Torres (que chefiou a pasta da Justiça e é investigado no caso).

Os advogados de Torres informaram que abriam mão de três depoimentos que estavam agendados. Além de Guedes, Celio Faria (que foi ministro da Secretaria de Governo) e o ex-procurador federal Adler Anaximandro Cruz e Alves também foram dispensados. As desistências foram informadas no início da sessão e registradas por jornalistas que acompanham os depoimentos em telão na sede do Supremo.

Com isso, a sessão desta quinta terá como testemunhas outros três ex-ministros de Bolsonaro: Adolfo Sachsida (que chefiou a pasta de Minas e Energia), Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União).

Anderson Torres, que indicou as testemunhas, é um dos integrantes do chamado ‘núcleo 1’ da trama golpista – ou seja, no entendimento da Procuradoria-Geral da República, ele fazia parte do núcleo mais próximo de Jair Bolsonaro na tentativa de permanecer no poder após ser derrotado nas eleições de 2022.

Torres chegou a ser preso, acusado de conivência no quebra-quebra da Praça dos Três Poderes em 8 de Janeiro de 2023. Na ocasião, ele ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e estava no exterior, e foi preso ao retornar ao Brasil. Foi liberado meses mais tarde.

Nesta semana, a Primeira Turma do Supremo já ouviu outras testemunhas indicadas por Torres. Na quarta-feira 28, Antonio Lourenzo, ex-secretário Executivo do Ministério da Justiça, chegou a questionar as premissas da investigação em andamento, e disse que só escutava o termo ‘golpe’ sendo usado pela imprensa. “Acho que não teve nada nesse sentido de golpe”, disse. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, o repreendeu: “Se o senhor acha ou não que houve golpe, isso não é importante para a Corte. Se atenha somente aos fatos”.

Em outro episódio no mesmo dia, outra testemunha, Rosivan Correia de Souza, servidor da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal, disse que Torres não tinha responsabilidade sobre o comando das forças policiais do DF quando era Secretário de Segurança. “O secretário de Segurança é uma rainha da Inglaterra aqui?”, ironizou Moraes.

O general Mourão, ex-vice-presidente e hoje senador, também foi ouvido nos últimos dias. Ele teria, inclusive, conversado com Bolsonaro por telefone antes da oitiva, quando o ex-capitão pediu para que reforçasse pontos da sua versão no depoimento. Ministros do STF avaliam que a conduta pode caracterizar uma tentativa de obstrução das investigações, mas aguardam posição da Procuradoria-Geral da República, a quem caberia pedir uma prisão preventiva do ex-presidente.

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