Justiça
Ministros do STF se reúnem com oficiala de justiça que intimou Bolsonaro na UTI
Cristiane Oliveira foi constrangida pelo ex-presidente ao notificá-lo sobre abertura de ação penal que apura a trama golpista; Barroso e Cármen Lúcia participaram do encontro
A oficiala de justiça Cristiane Oliveira, que foi constrangida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao entregar a ele notificação sobre a abertura de ação penal por tentativa de golpe, foi recebida no Supremo Tribunal Federal pelos ministros Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, e Cármen Lúcia.
O encontro aconteceu na quarta-feira 7. Na reunião, Barroso prestou solidariedade a Oliveira e prometeu estudar medidas administrativas para garantir segurança aos oficiais de justiça durante o exercício das funções.
“Somos solidários e estamos ao lado de vocês para garantir o apoio e o suporte necessários para o cumprimento das funções, que são essenciais ao Supremo Tribunal Federal”, afirmou o presidente do Supremo.
Para Cármen Lúcia, o episódio evidencia o machismo estrutural na sociedade. A ministra avalia que o fato de ter sido abordado por uma mulher contribuiu para a postura de Bolsonaro no episódio.
A oficiala esteve no Hospital DF Star, onde Bolsonaro esteve internado, no último dia 23 de abril. O ex-presidente era o único dos acusados que não tinha sido formalmente notificado àquela altura.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Bolsonaro mostra imagens da oficiala, que entrou de máscara no quarto onde ele estava internado. “A senhora tem ciência de que está em uma UTI?”, indagou o ex-presidente, em tom constrangedor.
O episódio gerou manifestações de entidades de representantes de servidores do judiciário, como o Sindicato Nacional dos Oficiais de Justiça Federais e a Associação Nacional União dos Oficiais de Justiça do Brasil, que divulgaram um comunicado no qual afirmam que a oficiala de Justiça “agiu com total observância da legalidade, estrito rigor técnico e absoluta imparcialidade”.
O STF informou que aguardava uma “data adequada” para Bolsonaro receber a notificação, mas avaliou que o fato de o ex-presidente ter participado de uma live direto da UTI, na véspera, demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado naquele dia.
O ex-presidente teve alta do hospital no domingo 4, após três semanas internado.
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