Justiça
Mendonça e Nunes são os únicos a votarem pela absolvição de 17 réus do 8 de Janeiro
Todos os outros ministros da Corte votaram pela condenação
Os ministros André Mendonça e Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, foram os únicos integrantes da Corte a votarem para absorver 17 réus acusados de participarem dos atos golpistas de 8 de Janeiro. Os réus foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República por terem participado do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Para 16 dos acusados, o relator, Alexandre de Moraes, propôs a pena de ano de reclusão, 20 dias-multa de meio salário mínimo da época do acontecido e 5 milhões de reais em danos morais. Em um caso, Moraes fixou a pena em 2 anos e 5 meses de reclusão, além da multa.
O julgamento acontece no Plenário Virtual e encerra oficialmente nesta sexta-feira 11, mas todos os ministros já depositaram seu voto. A maioria seguiu o entendimento do relator.
Em seu voto que abriu a divergência, Mendonça afirmou que não foram apresentadas provas suficientes para a condenação e que a denúncia da PGR não comprovou o dolo (intenção) dos denunciados.
“Observa-se que não há provas sólidas quanto ao dolo – enquanto vontade livre e consciente de praticar os delitos narrados na inicial –, a par da simples admissão de cada réu de que estava, de fato, no acampamento, sem intenções criminosas ou violentas”, disse.
Nunes seguiu o entendimento de Mendonça e justificou que a acusação “não identificou nem expôs adequadamente as condutas supostamente ilícitas, com todas as suas circunstâncias, falhando em demonstrar qual e como teria sido a participação da parte ré”.
Além disso, conforme o ministro na denúncia, não há “qualquer elemento que estabeleça uma conexão mínima entre os fatos narrados e eventuais condutas – comissivas ou omissivas – da pessoa denunciada”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Gilmar contesta Fux: STF não julgou o 8 de Janeiro ‘sob violenta emoção’
Por CartaCapital
Presos pelo 8 de Janeiro têm direito a visitas de líderes religiosos, ressalta o STF
Por Wendal Carmo



