Política

Liderança indígena com reconhecimento internacional: conheça Cacique Raoni, que recebe Lula no Xingu nesta sexta

O Cacique Raoni se tornou, há décadas, uma referência da luta dos povos originários no Brasil e no Mundo

Liderança indígena com reconhecimento internacional: conheça Cacique Raoni, que recebe Lula no Xingu nesta sexta
Liderança indígena com reconhecimento internacional: conheça Cacique Raoni, que recebe Lula no Xingu nesta sexta
Cacique Raoni. Foto: Fabio Rodrigures Pozzebom/Agência Brasil
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Ao subir a rampa do Palácio do Planalto pela terceira vez, em 1º de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava acompanhado de pessoas escolhidas para representar a diversidade do povo brasileiro. O menino Francisco Nascimento e Silva, o professor Murilo Jesus, a cozinheira Jucimara Fausto, o influenciador Ivan Baron, o metalúrgico Weslley Rocha, a catadora Aline Sousa e Lula tiveram a honrosa companhia do Cacique Raoni Metyktire, que nesta sexta-feira 4 volta a encontrar o petista.

A data de nascimento do Cacique é incerta. Segundo o Instituto Raoni, ele provavelmente nasceu no início da década de 1930 – ou seja, estaria com idade próxima aos 95 anos. É originário de uma antiga aldeia Mẽbêngôkre Kayapó chamada Kraimopry-yaka. Até os anos 1950, seu povo não teve contato pacífico com os brancos. Isso mudou em 1954, quando Raoni foi um dos indígenas a manter contato com os irmãos Villas Boas, sertanistas que o apresentaram o mundo não-indígena e o ensinaram a falar a língua portuguesa.

O contato com os Villas Boas deu início a uma trajetória de Raoni como uma das principais vozes dos povos originários brasileiros no contato com não-indígenas. Desde a juventude, o Cacique se engajou em lutas em favor dos povos indígenas e da floresta amazônica. Ganhou destaque internacional. Sua história virou um documentário que concorreu ao Oscar no fim dos anos 1970.

O Cacique se aproximou de figuras de grande destaque na política e na cultura. O encontro mais emblemático foi com o cantor Sting, em 1987. A exposição deu ainda mais força a Raoni e à luta pela demarcação dos territórios do povo Mẽbêngôkre. Foi nome de relevância na Assembleia Constituinte para garantir os direitos indígenas na Constituição de 1988.

Entre os anos 1990 e 2000, viajou o mundo em busca de apoio político, midiático e financeiro para garantir a demarcação de terras indígenas do país. Com a ascensão da extrema-direita e a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, em 2019, voltou a tomar a frente na luta pelos direitos dos povos originários e pela defesa da Amazônia. Foi criticado pelo então presidente na Assembleia Geral da ONU em 2019. Manteve voz ativa e jamais cedeu.

A escolha de Raoni para integrar o grupo que subiu a rampa com Lula em 2023 marca o reconhecimento a essa luta. Ele, agora, quer pressionar o presidente a garantir mais direitos aos povos originários.

Lula e Cacique Raoni têm encontro privado às 10h20 (de Brasília) desta sexta-feira 4 na Terra Indígena Capoto-Jarina, em Mato Grosso. Mais tarde, o presidente e a primeira-dama Janja entregam a Raoni a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito, honraria mais alta entregue pelo poder público a cidadãos do país. Em seguida, Raoni oferecerá um almoço ao casal presidencial.

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