Justiça

Fux manda CNJ reabrir investigação contra juiz do caso Mari Ferrer

Ação movida pela União Brasileira de Mulheres havia sido arquivada após Rudson Marcos desistir de processar artistas e políticos que usaram a hastag #estuproculposo

Fux manda CNJ reabrir investigação contra juiz do caso Mari Ferrer
Fux manda CNJ reabrir investigação contra juiz do caso Mari Ferrer
Rudson Marcos, juiz do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Foto: Reprodução
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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o Conselho Nacional de Justiça reabra procedimento disciplinar que apura a conduta do juiz catarinense Rudson Marcos, responsável pelo julgamento do caso Mari Ferrer na primeira instância. A ordem é desta quinta-feira.

A apuração solicitada pela União Brasileira das Mulheres havia sido arquivada pelo CNJ em agosto passado. A entidade acusava o magistrado de assédio judicial pela abertura de pelo menos 160 processos contra personagens e figuras públicas que usaram a hashtag #EstuproCulposo em meio ao julgamento do caso.

De acordo com a UBM, Marcos atuou para “cercear a liberdade de expressão e de imprensa para intimidar e responsabilizar civilmente pessoas que se manifestaram sobre o caso de Mariana Ferrer”.

Entre os alvos das ações movidas por Rudson estavam famosos como Angélica, Ana Hickmann, Felipe Neto, Ivete Sangalo, Marcos Mion, Patrícia Pillar e Tatá Werneck.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), a deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS), o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) e o jornal O Estado de S. Paulo também foram processados.

Os advogados do juiz catarinense afirmaram ao CNJ que a repercussão do caso gerou “verdadeiros ataques à imagem do magistrado através da divulgação de fatos desonrosos e falsos”. Além disso, sustentou que Marcos desistiu da maioria dos processos e outros foram arquivados.

Por isso, o então corregedor-geral do CNJ Luís Felipe Salomão acolheu os argumentos da defesa e disse na decisão assinada nesta segunda-feira 19 não existir “justa causa para prosseguir com as apurações por meio de processo administrativo disciplinar”. Mas a UBM recorreu ao Supremo.

Ao acolher o pedido da entidade, Fux considerou que não cabia a Salomão, através de decisão monocrática, enviar o processo ao arquivo do Conselho, impedindo a possibilidade de apresentação de recurso ao plenário do CNJ. “A segurança, portanto, deve ser concedida a fim de se anular o ato coator, determinando-se ao CNJ que encaminhe os autos para julgamento”, afirmou.

Em 2018, Mariana Ferrer acusou o empresário André de Camargo Aranha de estupro em um clube de luxo em Florianópolis (SC). Dois anos depois, ele foi absolvido por Rudson Marcos.

A expressão “estupro culposo” ganhou repercussão nas redes sociais após os argumentos usados pelo promotor Thiago Carriço de Oliveira serem divulgados pela imprensa. Nas gravações, ele tenta defender a tese de que o empresário não teve intenção de cometer um crime.

Leia decisão: 

rudson marcos

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