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Em dia de posse, Maduro manda fechar fronteira da Venezuela com o Brasil
Segundo o Ministério da Justiça, a decisão ‘foi tomada de forma independente pelo país vizinho’


No dia em que iniciou seu terceiro mandato à frente da Venezuela, o presidente Nicolás Maduro decidiu fechar a fronteira do país sul-americano com o Brasil. A passagem entre os dois países fica na cidade de Pacaraima, em Roraima.
Militares da guarda venezuelana colocaram, nesta sexta-feira 10, cones que restringem o tráfego de veículos na rodovia e se posicionaram no limite com o Brasil. Em nota, o Ministério da Justiça confirmou o bloqueio na fronteira e disse que a decisão “foi tomada de forma independente pelo país vizinho”.
Em nota, o Itamaraty reforçou que a decisão de fechar a fronteira foi das autoridades venezuelanas. Ainda conforme o Ministério de Relações Exteriores, a expectativa é que o acesso fique interditado até a segunda-feira 13.
Procurada, a Polícia Militar de Roraima afirmou que, apesar do fechamento, a movimentação de pedestres segue dentro da normalidade, com registro de “leve redução no fluxo migratório de entrada no Brasil”. A corporação também disse que está monitorando a situação e lembrou que a Venezuela já impôs restrições semelhantes em outros momentos.
Não é a primeira vez que a fronteira é fechada. Durante as eleições do ano passado e em ocasiões de crise política, como em 2019, data da última posse de Maduro, o acesso também foi restringido. O governo venezuelano também fechou nesta sexta-feira sua fronteira com a Colômbia.
Freddy Bernal, governador do estado venezuelano de Táchira — com o qual o território colombiano faz divisa —, afirmou que a medida se devia a uma “conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos”. Segundo ele, a restrição valerá até a próxima segunda-feira 13.
Após o fechamento, o senador Dr. Hiran (PP-RR) pediu que o chanceler Mauro Vieira adote providências diplomáticas do governo brasileiro para reabrir a fronteira. No documento, o parlamentar alega que o bloqueio acarreta “sérias dificuldades aos cidadãos brasileiros” e prejudica “o fluxo comercial e humanitário” entre os países.
No poder desde 2013, Maduro foi empossado no Palácio Federal Legislativo, em Caracas, para mais seis anos no poder, até 2031. A cerimônia foi liderada pelo presidente do Parlamento unicameral, Jorge Rodríguez.
Oficialmente, o Brasil não reconheceu a vitória de Maduro nem a vitória da oposição. O presidente Lula (PT), por sua vez, a exemplo de outros líderes internacionais, tem cobrado a divulgação das atas. Sem a presença do petista, o Brasil foi representado na solenidade de posse pela embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira.
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