Justiça
Moraes critica ‘omissão’ do Exército por permitir acampamentos golpistas
O ministro do STF também disse que a PRF fez ‘corpo mole’ diante dos bloqueios em rodovias após a vitória de Lula


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes apontou “omissão” do Exército por permitir a montagem de acampamentos golpistas diante de seus quartéis após as eleições de 2022. As declarações foram proferidas nesta quarta-feira 8, durante solenidade que marcou os dois anos dos ataques de 8 de Janeiro.
Do acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília saíram os bolsonaristas responsáveis pela depredação das sedes dos Três Poderes.
“Houve inércia, houve omissão de se deixar acampamentos serem montados à frente dos quartéis pedindo intervenção, pedindo golpe. Isso é crime”, afirmou Moraes. “E hoje ninguém mais pode dizer que não sabe disso. São crimes de incitação, de organização criminosa por estarem à frente dos quartéis”.
Ainda segundo o ministro, não havia qualquer manifestação democrática naqueles atos, uma vez que os acampamentos pressionavam os comandantes das Forças a apoiar um golpe de Estado. “O sentimento de impunidade e a loucura das redes sociais fizeram com que os próprios criminosos se filmassem praticando os crimes e postassem convocando novos criminosos”.
O magistrado também afirmou que a Polícia Rodoviária Federal fez “corpo mole” para desbloquear rodovias interditadas por bolsonaristas que prostetavam contra a vitória de Lula.
Apesar de as investigações terem fechado o cerco sobre militares e políticos que tramaram uma articulação golpista, Moraes disse que o sentimento golpista no País ainda não foi vencido. Além disso, disparou contra o que chamou de “bravatas de dirigentes irresponsáveis” e pontuou que as redes sociais só continuarão a operar se respeitarem as leis brasileiras.
Nos últimos dois anos, o STF condenou 371 incitadores ou executores dos atos golpistas.
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