Justiça

STJ anula condenação por tráfico de homem torturado pela PM de São Paulo

A Corte concluiu que agentes também tentaram apagar imagens das câmeras corporais

STJ anula condenação por tráfico de homem torturado pela PM de São Paulo
STJ anula condenação por tráfico de homem torturado pela PM de São Paulo
Câmera corporal em um policial militar de São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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O Superior Tribunal de Justiça concluiu que um homem condenado por tráfico de drogas foi torturado pela Polícia Militar de São Paulo e decidiu anular a sentença.

A ordem partiu da Quinta Turma do tribunal. Os ministros analisaram imagens das câmeras corporais utilizadas pelos agentes da PM e atestaram a ilegalidade das provas usadas para a condenação.

O homem estava em Itapevi, na região metropolitana de São Paulo, quando, segundo a denúncia, correu para uma área de mata ao se dar conta de que estava diante de uma viatura policial.

De acordo com a peça, que levou a uma condenação a 7 anos e 6 meses de reclusão na primeira e na segunda instâncias, ele teria admitido ser traficante.

A defesa, então, protocolou um habeas corpus no STJ. Os ministros concluíram que o homem, na verdade, foi encontrado na mata e não ofereceu resistência. Segundo o relator do caso, Ribeiro Dantas, “somente após se iniciarem agressões físicas contra o réu, este indicou a localização de uma sacola, próxima a uma árvore, onde foram encontrados entorpecentes”.

“Também mediante emprego de violência, o acusado entregou quantia em dinheiro aos agentes, que não foi registrada na ocorrência policial”, salientou o ministro. 

Os policiais não só torturaram o homem e obtiveram provas de modo irregular, mas buscaram impedir a captura das imagens. O STJ concluiu que os agentes tentaram apagar a lanterna usada na ação, mas, ainda assim, as cenas foram registradas. 

A ação feriu a legalidade, na avaliação dos ministros, uma vez que os policiais agrediram o homem quando ele já estava rendido. Conforme o STJ, os agentes deram murros e chicotadas no homem acusado ilegalmente, além de praticarem estrangulamento.

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