Política

CCJ do Senado deve votar PEC que pretende ‘privatizar’ praias do Brasil nesta semana

A proposta, que prevê a transferência de terrenos da União em áreas da costa brasileira, está emperrada no colegiado desde maio após polêmica nas redes sociais

CCJ do Senado deve votar PEC que pretende ‘privatizar’ praias do Brasil nesta semana
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Créditos: EBC
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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deve analisar, na próxima quarta-feira, a proposta de emenda à Constituição que pode “privatizar” o litoral brasileiro, a chamada “PEC das Praias”. A tramitação do texto está emperrada no colegiado desde maio, em meio à repercussão negativa do tema.

Mesmo aprovada na comissão, a proposta ainda precisaria do aval de uma comissão especial antes de ir ao plenário. A PEC estabelece um mecanismo para a venda de áreas à beira-mar que pertencem à União. O relator do projeto na Casa Alta é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Na prática, o texto abre caminho para privatizar locais de acesso às praias, uma vez que a parte frequentada pelos banhistas continuaria sendo do governo. Para garantir a aprovação, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) incluiu em seu parecer a proibição de “qualquer forma de utilização do solo que impeça ou dificulte o acesso da população às praias”.

O Palácio do Planalto continua contrário à proposta, informou Otto Alencar (PSD-BA), líder do governo Lula no Senado.

O debate sobre a PEC das Praias ganhou força com um embate entre a atriz Luana Piovani e o jogador de futebol Neymar, que, parceiro na construção de um empreendimento imobiliário bilionário no litoral nordestino, foi acusado por ela de ser entusiasta da proposta.

A matéria, contudo, é antiga. Chegou a ser apresentada em 2011 na Câmara, mas só foi receber um parecer favorável na CCJ da Casa quase quatro anos depois. O tema recebia pouca atenção, tanto que a proposta chegou a ser arquivada.

Entre idas, vindas e engavetamentos, a PEC foi endossada pelos deputados em fevereiro de 2022. Pouco tempo depois, voltou aos holofotes por um motivo cujas consequências vêm se revelando cada vez mais diretas: os eventos climáticos decorrentes da crise ambiental.

Pela Constituição, o litoral brasileiro é de domínio da Marinha, que pode permitir o uso dessas terras mediante o pagamento de impostos específicos. Uma das consequências da proposta, segundo entidades ambientalistas, seria a possibilidade de privatização das terras do litoral para fins imobiliários.

Neste caso, haveria transferência imediata para os proprietários privados, condicionada a um pagamento. Caso o ponto seja aprovado, esses agentes devem estar inscritos “no órgão de gestão do patrimônio da União” até a data de publicação do texto.

Só permaneceriam com o governo áreas ainda não ocupadas e locais onde são prestados serviços públicos, como portos e aeroportos, por exemplo.

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