Justiça
Gilmar vota contra lei municipal que proíbe linguagem neutra nas escolas
Os demais ministros têm até o dia 11 de novembro para registrar seus votos


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para declarar inconstitucional uma lei de Votorantim, interior de São Paulo, que proíbe o uso de linguagem neutra em escolas públicas e privadas.
A norma, contestada pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas, é apontada como uma violação de direitos fundamentais, incluindo a liberdade de expressão e a autonomia educacional.
Em seu voto, Mendes defendeu que cabe exclusivamente à União estabelecer as normas gerais para a educação, de modo a assegurar uma uniformidade mínima ao nível nacional.
“Desse modo, não há dúvidas de que o diploma legislativo ora impugnado revela-se formalmente inconstitucional, tendo em vista que versa sobre diretrizes e bases da educação, invadindo a esfera de competência privativa da União”, argumentou o ministro.
Embora estados e municípios possam criar leis complementares sobre educação, Mendes destacou que essa competência não permite contrariar as normas federais.
O voto do decano foi seguido pelo ministro Alexandre de Moraes, reforçando o entendimento de que apenas a União pode estabelecer diretrizes e bases da educação nacional. Em ocasiões anteriores, o STF já se manifestou contra leis semelhantes, declarando-as inconstitucionais com base neste entendimento.
A Corte também entende que a regulamentação de temas como currículos escolares e materiais didáticos deve ser feita no âmbito federal, garantindo, assim, uma política educacional unificada e inclusiva. Até o momento, apenas dois ministros apresentaram seus votos. A análise ocorre no plenário virtual, e os demais ministros têm até o dia 11 de novembro para registrar suas decisões.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Polícia abre inquérito sobre linguagem neutra no Hino Nacional em ato de Boulos
Por CartaCapital
STF forma maioria para suspender leis municipais que proibiam linguagem neutra
Por CartaCapital