Justiça

PF conclui relatório de investigação contra homens que ameaçaram filha de Alexandre de Moraes

Dupla é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal

PF conclui relatório de investigação contra homens que ameaçaram filha de Alexandre de Moraes
PF conclui relatório de investigação contra homens que ameaçaram filha de Alexandre de Moraes
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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A Polícia Federal (PF) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira 4, o relatório final de uma investigação que mira dois irmãos responsáveis por ameaças contra a família do ministro Alexandre de Moraes. O documento se debruça sobre a participação da dupla em ações contra o Estado Democrático de Direito.

Segundo a investigação da PF, o fuzileiro naval Raul Fonseca de Oliveira e seu irmão, Oliverino de Oliveira, teriam atuado para tentar impedir o livre exercício do Poder Judiciário. Eles, no curso das ações antidemocráticas, teriam realizado mais de 40 ameaças contra a filha do ministro. A corporação pediu que os dois sejam indiciados no caso.

“Os indiciados, com emprego de grave ameaça, buscaram atingir o ministro do STF para, assim, restringir o exercito da atividade jurisdicional, caracterizando o crime de abolição ao Estado Democrático de Direito, cuja pena prevista no artigo 359 L do Código Penal é de reclusão, de quatro a oito anos”, explica a PF em nota.

A investigação foi iniciada em maio deste ano, quando a dupla foi levada à prisão após solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão considerou grave as ameaças – feitas por e-mail – ao ministro, uma vez que traziam detalhes da rotina da filha de Moraes. A dupla dizia que a mataria com tiros ou bombas. Um dos homens, conforme citado, é militar da Marinha, que não comenta publicamente o assunto.

Os irmãos são alvos de dois inquéritos: um pelos atos antidemocráticos e outro pelas ameaças pessoais. O inquérito finalizado nesta segunda é sobre o primeiro tema.

O caso foi desmembrado em dois após um pedido de Moraes. O ministro optou por seguir à frente dos eventos que apuram a trama golpista e se declarou impedido no caso contra sua família, que passou a ser relatado pela ministra Cármen Lúcia e ainda está em investigação. As conclusões sobre a participação dos irmãos Oliveira numa trama golpista devem ser compartilhadas com a ministra e engrossar o caso que apura as ameaças e perseguições contra os familiares de Moraes.

Em nota publicada na ocasião, Moraes afirmou que as mensagens enviadas pelos suspeitos teriam, de acordo com a PGR, o objetivo de “restringir o livre exercício da função judiciária” no Supremo à frente de inquéritos que investigam atos antidemocráticos.

“A gravidade das ameaças veiculadas, sua natureza violenta e os indícios de que há monitoramento da rotina das vítimas evidenciam o perigo concreto de que a permanência dos investigados em liberdade põe em risco a garantia da ordem pública. A medida [prisão preventiva] é, assim, proporcional, ante o risco concreto à integridade física e emocional das vítimas”, anotou o ministro em maio.

Em contato com CartaCapital, a defesa dos irmãos Oliveira disse ter “recebido com surpresa” o pedido de indiciamento feito pela PF. Os advogados sustentam que “nenhum elemento concreto” vincula a dupla, “ainda que minimamente”, a ameaças contra o ministro ou a uma tentativa de golpe de Estado.

Em nota, a defesa dos irmãos sustenta que “as condutas podem ter sido praticadas por terceiros que se valeram da ‘identidade virtual’ dos investigados”. Por fim, a defesa afirma que “espera que a PGR – diferentemente da conclusão da Polícia Federal – arquive a investigação.”

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