Justiça
Barroso nega o pedido do Congresso para suspender liminar de Dino que barrou emendas impositivas
Ação de partidos e líderes do Parlamento alegava ‘danos irreparáveis à economia pública, à saúde e à segurança’
O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido feito pelos presidentes da Câmara, do Senado e dez partidos para derrubar a liminar do ministro Flávio Dino que suspendeu a execução de todas as emendas impositivas até que novas regras de transparência sobre a aplicação dos recursos sejam adotadas. A decisão de Barroso foi publicada na madrugada desta sexta-feira 16.
A ação questiona a legalidade das ordens do magistrado, que, segundo documento enviado à Corte nesta quinta-feira 15, “causam danos irreparáveis à economia pública, à saúde, à segurança e à própria ordem jurídica” e violam a separação dos Poderes.
Ao receber o pedido, o ministro do Supremo argumentou que o caso não se enquadra naqueles em que o presidente da Corte pode intervir em uma decisão de outro ministro. Por isso, sustenta, ele optou por rejeitar a solicitação dos parlamentares.
“As decisões que se pretende suspender foram submetidas a referendo pelo Colegiado do STF, em sessão virtual extraordinária convocada antes do ajuizamento do pedido de suspensão e já em curso. Não se justifica a atuação monocrática desta Presidência para sustar os efeitos de decisões proferidas por um de seus integrantes, em sede de suspensão de liminar, quando tais decisões já estão sendo objeto de deliberação pelo Colegiado do Tribunal”, diz Barroso no trecho principal da sua decisão.
O caso, de fato, começou a ser analisado em plenário virtual nesta sexta-feira. O placar, neste momento, é de 5 votos a 0 para manter a posição adotada por Dino.
Ao proferir a decisão, Barroso também pediu que Arthur Lira (PP-AL), Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e as legendas autoras da ação se atentem ao fato de que o próprio Dino, ao interromper as emendas, abriu a possibilidade de se construir uma ‘solução consensual’ para o tema. Dino quer, neste caso, que Câmara e Senado estipulem regras de transparência para os pagamentos.
“O relator sinaliza a possibilidade de construir solução consensual para a questão, em reunião institucional com representantes dos três Poderes. […] Nesse contexto, admitida a revisão das medidas cautelares a partir do necessário diálogo institucional, torna-se ainda menos recomendável uma resolução unilateral por parte desta Presidência”, conclui Barroso no despacho.
Leia abaixo a íntegra da decisão do ministro:
Voto-Barroso-emendas-Congresso-16ago2024Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Lira e Pacheco se unem a partidos para tentar suspender liminar de Dino sobre emendas
Por Wendal Carmo
Após decisão de Dino, Barroso antecipa julgamento sobre suspensão de emendas impositivas
Por Caio César
Por falta de acordo, Senado adia análise da desoneração da folha para terça
Por CartaCapital
Após decisão de Dino, Comissão rejeita MP que destina R$ 1,3 bilhão ao Judiciário
Por CartaCapital
A projeção do Senado para votar proposta que autoriza clubes de tiro perto de escolas
Por CartaCapital
No reino da imoralidade
Por Aldo Fornazieri



