Economia
Comissão do Senado aprova convocação de presidente da Petrobras para esclarecer pagamento de dividendos
Pedido foi feito pelo senador Sergio Moro (União Brasil), que destacou a necessidade de se esclarecer suposta interferência de Lula na gestão da estatal


A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou, nesta terça-feira 12, um requerimento para convocar o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para esclarecer um adiamento na distribuição de dividendos extraordinários pela estatal.
O pedido foi feito pelo senador Sergio Moro (União Brasil), que destacou a necessidade de se coletar mais informações sobre o que chamou de “interferência do Poder Executivo na gestão da empresa.
Na semana passada, a Petrobras anunciou o adiamento na distribuição de dividendos extraordinários aos acionista.
A decisão que impediu o pagamento dos dividendos extraordinários partiu do Conselho de Administração da Petrobras, controlado, majoritariamente, pelo governo federal, maior acionista da empresa.
Segundo Moro, a medida tomada pela União “interferiu em decisão corporativa da empresa, no intuito de alterar indevidamente sua política de distribuição de dividendos”. O senador afirma que houve descumprimento de regras da Lei das Estatais.
Mesmos sem estar na pauta, a votação da convocação na CAE aconteceu sem resistência por parte do governo.
Ainda não há uma data para a audiência que ouvira Prates. A sessão deverá ser agendada pelo presidente da Comissão, Vanderlan Cardoso. Por se tratar de um convite, Prates não é obrigado a comparecer.
Repasse abaixo do esperado
O valor a ser repassado é de cerca de 14,2 bilhões de reais referentes ao último trimestre do ano passado.
Graças a uma mudança feita no ano passado, a companhia reduziu o percentual do fluxo de caixa livre que distribuía aos acionistas. Dos 60% que estavam vigentes desde 2011, o percentual caiu para 45%.
O montante é abaixo do que os investidores esperavam. A Petrobras justificou a medida como uma forma de manter a sustentabilidade financeira da empresa. O corte nos dividendos gerou desgaste de Prates em Brasília.
Lula, porém, minimizou o impasse, alegando se tratar de uma ‘choradeira do mercado’. Fernando Haddad, ministro da Economia, também apontou pouco efeito da redução nas contas do governo, maior acionista da empresa.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Quem é Rafael Dubeux, o indicado do governo para o Conselho da Petrobras
Por Camila da Silva
Silveira diz que saída de Prates da Petrobras não foi cogitada
Por Gabriel Andrade
Redução de dividendos da Petrobras não afeta contas do governo, diz Haddad
Por Gabriel Andrade