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Conselho de Segurança da ONU deve votar medidas urgentes para permitir corredor humanitário em Gaza
O novo projeto de resolução pede “medidas urgentes para permitir imediatamente o acesso humanitário seguro e desimpedido” no enclave palestino


Depois de intensas negociações, o Conselho de Segurança da ONU deve votar nesta sexta-feira (22) uma resolução que visa melhorar a entrada de ajuda humanitária em Gaza. O texto foi revisado pelos norte-americanos, que, junto a seus aliados israelenses, não aprovam um pedido para o fim das hostilidades na região.
Desde segunda-feira, os membros do Conselho de Segurança da ONU vêm produzindo uma série de relatórios e propostas de resolução, incapazes de chegar a um acordo sobre um texto que possa escapar do veto dos Estados Unidos, que já bloquearam duas resoluções anteriores.
O novo projeto de resolução pede “medidas urgentes para permitir imediatamente o acesso humanitário seguro e desimpedido” no enclave palestino.
ONU alerta para risco de fome e desnutrição
Depois de mais de dois meses de guerra, as organizações da ONU estão constantemente alertando sobre a situação catastrófica da população civil no território superpovoado de 362 km2, onde os bombardeios israelenses por ar, terra e mar destruíram bairros inteiros e deslocaram 1,9 milhão de pessoas, ou 85% da população, segundo as Nações Unidas.
Cerca de metade da população de Gaza deverá estar na fase de “emergência” – que inclui desnutrição aguda muito alta e excesso de mortalidade – até 7 de fevereiro, de acordo com um relatório divulgado na quinta-feira (21) pelo sistema de monitoramento da fome da ONU. O documento indica que “pelo menos uma família em cada quatro”, ou seja, mais de meio milhão de pessoas, estará enfrentando a “fase 5”, ou seja, condições catastróficas.
Com “tanta privação e destruição, cada dia que passa trará mais fome, doenças e desespero para o povo de Gaza”, alertou o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths. “A guerra precisa acabar”, insiste.
Combates continuam
A guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islâmico palestino em solo israelense no dia 7 de outubro, não diminuiu apesar da pressão internacional, com os protagonistas permanecendo inflexíveis em suas exigências de uma trégua humanitária.
Aviões e artilharia israelenses bombardearam intensamente o sul do enclave nesta sexta-feira (22), incluindo um ponto de passagem para ajuda humanitária.
Após uma pausa de dois dias, combatentes palestinos dispararam cerca de 30 foguetes da Faixa de Gaza em direção ao território israelense, onde sirenes de alerta soaram em várias cidades do sul e em Tel Aviv, de acordo com a mídia local. O Hamas afirmou que o objetivo de Israel de eliminá-lo estava “fadado ao fracasso”.
Coalizão do Mar Vermelho
Mais de 20 países já se juntaram à coalizão liderada pelos EUA para defender a navegação no Mar Vermelho dos ataques dos rebeldes huthis do Iêmen, que dizem estar agindo em solidariedade aos palestinos.
A ameaça de ataques à navegação internacional levou a uma desaceleração do comércio mundial. As principais transportadoras não estão mais usando essa via marítima.
(Com AFP)
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