Economia
PT aprova resolução com críticas a ‘ditadura do BC independente’ e ‘austericídio fiscal’
O partido ainda sustenta que o resultado do PIB não tem sido maior ‘por causa da deletéria política de juros’ do Banco Central


O Partido dos Trabalhadores aprovou uma resolução política em que critica a “ditadura do Banco Central independente” e diz ser necessário se livrar do que chamou de “austericídio fiscal”, sem mencionar diretamente a política encampada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Por 51 votos a favor e só quatro contrários, o Diretório Nacional do PT manteve o texto que havia sido aprovado preliminarmente na última sexta-feira, na conferência eleitoral do partido, em Brasília.
O documento, proposto pela corrente “Construindo um novo Brasil”, tendência da qual o presidente Lula faz parte, também critica o Centrão, grupo de partidos que negociam apoio político em troca de cargos e emendas.
“As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial”, diz a resolução.
O texto ainda sustenta que o resultado do PIB não tem sido mais expressivo “por causa da deletéria política de juros” do BC, presidido por Roberto Campos Neto. Assim, seria preciso superar a “trava imposta pela política monetária da direção do Banco Central”.
“Indicado por Jair Bolsonaro e pelo igualmente deletério ex-ministro Paulo Guedes, o ainda presidente do BC, Roberto Campos Neto, mantém com seus diretores a maior taxa de juros do planeta, sem que haja nenhuma justificativa plausível para essa barbaridade.”
O PT afirmou ainda não ver sentido na “pressão por arrocho fiscal” em um cenário de crescimento econômico, em mais uma crítica à meta de déficit zero bancada por Haddad. O termo escolhido para fazer referência à política econômica do governo – “austericídio – é um neologismo que combina austeridade fiscal com suicídio nas urnas.
A crítica acontece porque, segundo integrantes do partido, cortar gastos em nome do objetivo de zerar o rombo nas contas públicas poderia prejudicar o desempenho da esquerda nas eleições municipais de 2024.
“Não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do BC, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”, acrescenta a resolução.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Lula convida governadores para reunião em 8 de janeiro: ‘Lembrar que se tentou dar um golpe’
Por CartaCapital
Vereador bolsonarista tem mandato cassado por acusação de furto de energia
Por Victor Ohana