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Polícia do Ceará vai investigar vereador que disse ter ‘curado’ autismo com violência física

Após a repercussão do caso, o parlamentar disse ter se manifestado “de maneira equivocada” e alegou ter sido mal interpretado

Presidente da Câmara de Jucás, no Ceará, sugere cura do autismo 'na chibata' — Foto: CMJ/Reprodução
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A Polícia Civil do Ceará investiga se o vereador Eúde Lucas (PDT), presidente da Câmara Municipal de Jucás (a 469 quilômetros da capital Maceió), cometeu crime de discriminação contra pessoas com deficiência ao dizer que se curou do Transtorno do Especto Autista na base da “chibata”.

A Comissão Especial de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB Nacional também estuda apresentar medidas contra a declaração do vereador.

O discurso do parlamentar foi transmitido ao vivo nas redes sociais da Câmara nesta quarta-feira, 20 de setembro. As declarações faziam menção a uma entrevista da atriz e cantora Letícia Sabatella ao Fantástico, na qual ela relatou ter sido diagnosticada autista tardiamente, aos 52 anos.

Lucas, então, afirmou que teve o transtorno na infância, mas disse ter sido curado pelo pai a partir de agressões físicas. “Tem uma declaração que os artistas, os autores, sei lá… Está rondando. Eu digo ‘eu era autista’, só que meu pai tirou o autista na peia. Naquele tempo tirava autista era na chibata, porque era um menino meio traquina”, disse o presidente da Câmara.

O autismo é uma condição permanente, que não tem cura. Não há dados exatos sobre o tamanho da população com o transtorno no Brasil. A pessoa diagnosticada pode ter alterações na comunicação, na interação social e no comportamento.

Segundo estimativas do Centro de Controle e Prevenção da Organização Mundial de Saúde, divulgadas em 2018, uma em cada 44 pessoas tem a condição no mundo. No Brasil, o número equivale a cerca de 4,8 milhões de pessoas.

Após a repercussão do caso, o parlamentar disse ter se manifestado “de maneira equivocada” e alegou ter sido mal interpretado. “Mencionei o meu próprio caso e como fui tratado antigamente, exatamente pela falta de diagnóstico”, pontuou.

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