Política
A um voto da inelegibilidade, Bolsonaro diz pensar em candidatura a vereador no Rio
O ex-presidente provocou Alexandre de Moraes e afirmou torcer para que ‘Deus toque o coração dele’


O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira 29 não ter jogado a toalha sobre o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral que pode torná-lo inelegível por oito anos. Disse, ainda, que poderia até se candidatar a vereador pelo Rio de Janeiro ou a senador.
A ação em análise apura o encontro com embaixadores em julho de 2022. Na agenda, transmitida pela TV Brasil, o então presidente repetiu mentiras sobre o sistema eleitoral e atacou instituições.
Falta um voto – entre os três restantes – para condenar o ex-capitão. O julgamento será retomado nesta sexta 30 com as manifestações de Cármen Lúcia, Kássio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
“Quem sabe o Alexandre de Moraes tenha um momento de Deus tocar o coração dele?”, provocou Bolsonaro, no Rio de Janeiro. “Até o momento não tocou em momento nenhum.”
Já votaram pela condenação de Bolsonaro os ministros Benedito Gonçalves, Floriano Marques e André Ramos Tavares. Apenas Raul Araújo votou a favor do ex-presidente.
Questionado por jornalistas sobre o cenário, Bolsonaro afirmou: “não acabou o jogo ainda, vamos esperar”. Ao declarar que não deseja ser condenado, ele mencionou alguns dos cargos aos quais poderia concorrer nos próximos anos.
“Não gostaria de deixar de ser elegível, nem que venha ser vereador no Rio de Janeiro. Já conversei com meu filho [Carlos Bolsonaro], não quero pegar a vaga dele, não. Eu quero é participar”, prosseguiu. “Posso no futuro, caso seja elegível, disputar o Senado, com muita chance de ir para aquela Casa. Agora, um cartão vermelho porque reuni os embaixadores? Qual a acusação? Abuso de poder político? Pensei que fosse econômico.”
O relator do processo, Benedito Gonçalves, defendeu condenar Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
“A particularidade do abuso de poder político está na utilização do cargo de presidente da República para a consecução das finalidades eleitorais ilícitas no evento de 18/07/2022″, sustentou. “O que mais sobressaiu na ocasião é o que de fato torna o evento no Palácio da Alvorada um episódio aberrante: foi o uso das prerrogativas de chefe, o poder simbólico de presidente da República e da posição de chefe de Estado para degradar o ambiente eleitoral.”
Já a prática de uso indevido dos meios de comunicação consistiu em recorrer à TV Brasil para difundir informações falsas sobre o sistema eleitoral.
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