Defesa de Appio leva ao CNJ diálogos de procuradores da Lava Jato sobre a sucessão de Moro

A defesa do juiz Eduardo Appio enviou ao Conselho Nacional de Justiça um novo conjunto de elementos para tentar reverter seu afastamento da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) e, assim, torná-lo novamente responsável pelos processos da Lava Jato

A nova peça, encaminhada nesta quarta-feira 7, se baseia em diálogos supostamente mantidos por procuradores da operação em um aplicativo de mensagens. A data não é especificada, mas os integrantes da Lava Jato discutiam a sucessão de Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Em 2018, a juíza Gabriela Hardt substituiu Moro, quando o então magistrado se licenciou do cargo para assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL).

A defesa sustenta que os diálogos, obtidos e revelados pelo site GGN, demonstram uma parceria entre o desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e os procuradores para definir o titular da Vara de Curitiba.

Uma das mensagens, atribuída a Januario Paludo, diz: “Bonat pediu a vaga do moro, segundo o Mallucelli”. Menos de uma hora depois, após outras mensagens enviadas por procuradores, Deltan Dallagnol teria escrito: “o Malucelli disse que Bonat vai manter até o fim”.

O material ainda indica o agendamento de uma reunião no dia seguinte, à qual Deltan teria dito que não compareceria. Uma mensagem atribuída a ele diz, porém: “Precisamos ir mesmo para garantir que ele não desista no período de desistência rsrsrs. Mas temos que cuidar agora pra não assustar o Bonat ao descrever o que está por vir…”.

Um dia depois, Paludo teria escrito: “Deltan. Conversei hoje com a Corregedoria do TRF4. Eles vão abril edital para remoção para a 13 no retorno do recesso. Até lá, a Bianca vai auxiliar na 13 Vara nos processos da substituta. Quanto aos servidores, a conversa tem que ser com o Marcelo Malucelli, que é o administrador da JFPR. Então em janeiro vou lá”.

A defesa de Eduardo Appio argumenta na petição ao CNJ que o juiz foi afastado “não por ter, em tese, praticado qualquer infração disciplinar, mas por representar um contraponto crítico à pretendida sucessão na 13ª Vara Federal de Curitiba”.

Ele foi retirado do posto em maio pelo Conselho do TRF-4. A decisão atendeu a uma representação de Marcelo Malucelli, que afirmou que seu filho, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação telefônica com “ameaças”. O Tribunal teria indícios de que Appio seria o responsável pelo telefonema. O juiz afastado, porém, nega ser o autor da chamada.