Justiça
Quem tem de explicar venda de sentenças é Moro, diz Gilmar Mendes
Em abril, o senador virou alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República por suposta prática de calúnia contra o ministro do STF


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que é o senador Sergio Moro (União-PR) quem deve fornecer explicações sobre uma suposta venda de decisões judiciais.
A declaração foi concedida em entrevista a Abilio Diniz, a ser exibida na terça-feira 9 pela CNN Brasil, e antecipada pela Folha de S.Paulo. Em abril, Moro virou alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República por suposta prática de calúnia contra Gilmar.
A denúncia da PGR foi motivada por um vídeo em que o senador ironiza o magistrado. O cenário é uma festa junina em que Moro aparece conversando com outras pessoas. Após uma mulher dizer que ele “está subornando o velho”, o ex-juiz responde: “Não, isso é fiança. Instituto para comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes”.
“Não nos falamos [Gilmar e Moro]. Na verdade, nessa idade em que estou, com a experiência que eu acumulei, até os inimigos eu tenho que escolher. Eu tenho que escolher as brigas”, disse Gilmar à CNN. “Encaminhei o assunto ao Ministério Público, que houve por bem fazer uma queixa, uma denúncia contra Sergio.”
O ministro também mencionou as acusações feitas a Moro por Rodrigo Tacla Duran. No final de março, o advogado afirmou em depoimento ter sido alvo de um “bullying processual” no âmbito da Lava Jato. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje deputado federal pelo Podemos.
“É uma solução muito fácil porque Tacla Duran diz – pelo menos é o que está aí em todas as entrevistas – que teria feito um depósito de 5 milhões de dólares para o escritório da mulher do Moro”, prosseguiu Gilmar. “Basta abrir a conta e esclarecer essa dúvida. Portanto, quem tem que fazer explicações sobre venda de decisões é Moro.”
Em nota divulgada após o depoimento de Tacla Duran, a assessoria de Moro sustentou que seu cliente é alvo de “calúnias” e não teme “qualquer investigação”.
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