Economia

TCU dá 24h para Caixa explicar empréstimo consignado com Auxílio Brasil

Neste prazo, o banco deverá enviar documentos, pareceres, notas técnicas, resoluções e decisões colegiadas que expliquem os critérios de concessão do empréstimo

TCU dá 24h para Caixa explicar empréstimo consignado com Auxílio Brasil
TCU dá 24h para Caixa explicar empréstimo consignado com Auxílio Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU), deu o prazo de 24 horas para que a Caixa Econômica Federal preste informações sobre a concessão de empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil.

A determinação, que consta em despacho desta segunda-feira 24, refere-se à representação do Ministério Público à Corte de Contas sobre supostas irregularidades na liberação do benefício às vésperas das eleições.

Neste prazo, o banco deverá enviar documentos, pareceres, notas técnicas, resoluções e decisões colegiadas que expliquem os critérios de “concessão, precificação, taxa de juros, rentabilidade, inadimplência esperada, aprovação da linha de crédito relativa ao crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e gestão de riscos associados a essa operação”.

No despacho, Cedraz afirma que o tema carece de “urgência” e que, por isso, não poderia esperar cinco dias para que a Caixa envie as informações. “O volume de empréstimos já concedidos e a velocidade de sua liberação apontam para elevadíssimo risco na demora, e certamente não poderá esta Corte aguardar cinco dias úteis para que lhe seja encaminhada documentação que se espera já existir”, diz.

De acordo com o MP, a concessão de empréstimos com o Auxílio Brasil às vésperas das eleições colocaria “dúvidas sobre as finalidades perseguidas e sobre o respeito a procedimentos que salvaguardem interesses do banco e o interesse público” e que não seria “desarrazoado supor que o propósito seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”.

Ainda segundo o ministro, o caso não caberia à Corte de Contas por supostamente se tratar de uma infração eleitoral. Por isso, ele encaminhou os autos do processo para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, a quem caberia a apuração.

“Nessa linha, ainda que o representante [Ministério Público] narre possível interesse em provocar repercussão nas eleições vindouras por meio do cometimento da suposta irregularidade de se apressar a concessão de empréstimo consignado a beneficiários do Auxílio Brasil, compreendo que qualquer avaliação sobre ilícito eleitoral ou repercussão eleitoral de ilícito administrativo é estranha ao Controle Externo, cabendo sua apuração pelo órgão competente da justiça especializada”, afirmou o ministro.

O empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil foi aprovado pelo Congresso Nacional em julho, mas só foi liberado pelo Ministério da Cidadania no final de setembro. A Caixa começou a realizar os pagamentos na semana passada, a poucos dias do segundo turno. Segundo dados divulgados pelo banco, cerca de 1,8 bilhão de reais foram liberados em empréstimos para 700 mil beneficiários do programa.

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