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Petrobras/ O segredo de Castello Branco

O ex-presidente da estatal diz que seu celular corporativo tinha mensagens que poderiam incriminar Bolsonaro

Petrobras/ O segredo de Castello Branco
Petrobras/ O segredo de Castello Branco
Imagem: Fernando Frazão/ABR
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Na segunda-feira 27, a bancada do PT na Câmara dos Deputados enviou à Procuradoria Geral da República uma representação criminal contra o ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco. No documento, os parlamentares pedem que o procurador-geral Augusto Aras investigue as mensagens do celular corporativo do antigo chefe da estatal, que supostamente seriam capazes de incriminar Jair Bolsonaro.

Durante uma discussão com economistas em um aplicativo de mensagens, Castello Branco disse que o aparelho, devolvido à empresa, tinha conteúdo comprometedor para o ex-capitão. Segundo o portal Metrópoles, o ex-presidente da petroleira debatia com Rubem Novaes, que presidiu o Banco do Brasil, sobre a elevação do preço dos combustíveis. No diálogo, Novaes teria dito que o colega atacava a atual gestão do governo federal.

“Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade. Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles (dos convites) e quando falo procuro evitar ataques”, rebateu Castello Branco. “No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”.

“Qualquer servidor tem o dever funcional de levar às autoridades legais informações acerca de crimes ou indícios de práticas delitivas que que tenham conhecimento, sob pena de responsabilização, em tese, pela conduta criminosa de prevaricação”, diz um trecho do documento enviado pelos parlamentares petistas a Aras. “O referido ex-presidente teria se quedado inerte, não denunciando ou levando ao conhecimento das autoridades responsáveis pela persecução penal, as informações que guardava.”

Difícil acreditar, porém, que Aras irá de fato investigar o ex-capitão, responsável por sua indicação e recondução à PGR. Sempre dócil ao governo, o procurador-geral está com as gavetas abarrotadas de denúncias.

Arsenal na mão de civis

O número de brasileiros com posse de armas de fogo cresceu 474% no governo Bolsonaro. O dado é referente aos registros de caçadores, atiradores desportivos e colecionadores, conhecidos pela sigla CAC, até 1º de julho de 2022. Atualmente, há 673,8 mil certidões válidas no território nacional. A cada cem mil habitantes, 314 têm a autorização concedida pelo Exército. Em 2018, antes de o capitão assumir, o número de CACs não passava de 118 mil. Os dados foram mensurados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Pandemia/ A fatura da omissão

Em média, duas crianças de até 5 anos morrem por Covid a cada dia no País

O número é quase o triplo do verificado nos EUA, que vacina até mesmo bebês de seis meses – Imagem: Mariana Raphael/GOVDF

Desde o início da pandemia, duas crianças de até 5 anos morrem por Covid-19 a cada dia no Brasil, revela pesquisa divulgada na segunda-feira 27 pelo Observa Infância, projeto ligado ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz. Em 2020 e 2021, foram 1.439 óbitos nesse grupo, em média 1,9 por dia. Em 2022, foram registradas 291 mortes nessa faixa etária até o dia 11 de junho, 1,8 por dia.

As crianças de até 5 anos não têm vacinas disponíveis no País. Os EUA, que há tempos imunizam bebês com mais 6 meses com doses da Pfizer e da Moderna, registraram 442 mortes entre crianças abaixo dos 5 anos por Covid, 30% do total de óbitos brasileiros. Essas farmacêuticas não submeteram, porém, pedido à Anvisa para ampliar o público-alvo no Brasil. Enquanto isso, a solicitação de uso da Coronavac em crianças de 3 a 5 anos aguarda decisão da agência reguladora há mais de três meses.

Convém ressaltar que os EUA registram 3,6 milhões de nascimentos por ano, enquanto o Brasil tem cerca de 2,6 milhões. E, se dependesse de Jair Bolsonaro, nem mesmo as crianças de 5 a 17 anos seriam imunizadas.

Autonomia médica

Durante a pandemia, Jair Bolsonaro se cansou de defender a autonomia dos médicos para prescrever medicamentos contra a Covid-19 sem eficácia comprovada, como a cloroquina. Na terça-feira 28, ele explicou ao canal Hipócritas, do YouTube, o seu peculiar conceito de autonomia. O presidente disse ter apresentado sintomas da doença e, mesmo antes de receber o resultado do teste, ordenou a um médico do Exército: “Me traz aquele remédio”. Diante da recusa do profissional, a informar que o protocolo era outro, o ex-capitão tratou de esclarecer: “Traz o remédio ou te transfiro para a fronteira agora, democraticamente”. Ficou bom no dia seguinte, talquei?

Na mira do MPF/ Cidadão de bem

O presidente da Caixa é demitido após denúncias de assédio sexual

Guimarães teria assediado ao menos cinco funcionárias do banco – Imagem: Isac Nóbrega/PR

O Ministério Público Federal abriu uma investigação para apurar denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente do banco estatal, Pedro Duarte Guimarães. Ao menos cinco mulheres relataram as abordagens inapropriadas do executivo, segundo o portal Metrópoles, que teve acesso à investigação sigilosa.

Uma funcionária relatou que Guimarães teria passado a mão em suas nádegas. Em outro caso, o presidente do banco teria convidado outra colaboradora a tomar um banho e entrar dentro de seu quarto em um hotel, para conversar sobre a carreira dela. Em outra viagem, o executivo teria colocado o celular e a chave do seu quarto do hotel no bolso de uma funcionária e dito a frase: “vou botar aí na frente”.

O MPF não comenta investigações sigilosas. Por meio de nota, a Caixa disse não ter conhecimento sobre as denúncias de assédio sexual contra Guimarães. Pressionado, o executivo “pediu demissão“ e nega as acusações. Na verdade, Bolsonaro já havia escolhido Daniella Marques, secretária especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, para substituí-lo no comando do banco.

Otan/ Aliança reforçada

Erdoğan dá aval à entrada da Suécia e da Finlândia na aliança militar

O presidente turco não esclareceu qual foi a contrapartida recebida – Imagem: Robert Hoss/Otan

A Turquia concordou em apoiar a entrada da Suécia e da Finlândia na Otan, a aliança militar de países do Ocidente. O acordo foi celebrado em Madrid, onde os líderes dos Estados membros da organização devem se reunir na quinta-feira 30, após o fechamento desta edição de CartaCapital.

A resistência turca era o principal entrave ao ingresso das nações nórdicas na Otan. O presidente Recep Tayyip Erdoğan se opunha à adesão, sob a alegação de que a Suécia e a Finlândia ofereciam proteção a militantes do Partido Trabalhista do Curdistão, o PPK, considerado uma organização terrorista pelo governo de Ancara. Não está claro o que foi prometido a Erdoğan, mas o chefe de Estado divulgou um comunicado dizendo que “a Turquia obteve conquistas importantes na luta contra o terrorismo”.

Um dos 30 países membros da Otan, a Turquia tem poder de veto à entrada de novos integrantes na aliança. Historicamente, Suécia e Finlândia mantinham posição de neutralidade em relação às rusgas do Ocidente com a Rússia. Tudo mudou após Vladimir Putin ordenar a invasão da Ucrânia.

Na segunda-feira 27, um bombardeio atingiu um shopping center na cidade de Kremenchuk, no centro-leste da ­Ucrânia. Ao menos 20 ­civis morreram no ataque, classificado pelos países do G7 como um “crime de guerra”. O governo russo negou, porém, ter disparado um míssil contra o edifício. Segundo Moscou, o local estava fechado e pegou fogo após um ataque russo contra um depósito de armas próximo ao centro de compras. O porta-voz do ­Kremlin, Dmitri Peskov, enfatizou que “as explicações exaustivas do Ministério da ­Defesa refutam totalmente a versão ucraniana”.

Travessia para a morte

Quarenta e seis pessoas foram encontradas mortas dentro e ao redor de um caminhão abandonado na cidade de San Antonio, no estado do Texas, EUA, na segunda-feira 27. De acordo com o New York Times, as autoridades suspeitam que as vítimas sejam imigrantes abandonados pelos coiotes, como são conhecidos os criminosos que fazem a travessia ilegal de grupos pela fronteira. Outras 16 pessoas – 12 adultos e quatro crianças – foram levadas com vida para hospitais locais, com sintomas severos de insolação e desidratação. San Antonio fica a cerca de 250 quilômetros da divisa com o México. A temperatura na região chegou a atingir 39,4ºC naquele dia.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1215 DE CARTACAPITAL, EM 6 DE JULHO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “A Semana”

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