Economia

Bolsonaro mente ao dizer que o Brasil ‘é um dos países em que menos subiu o preço das coisas’; veja os números

O ex-capitão voltou a tentar terceirizar a responsabilidade pela galopante inflação no País

Jair Bolsonaro no cercadinho do Alvorada nesta quarta-feira 11 de maio. Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro repetiu, nesta quarta-feira 10, a tentativa de terceirizar a responsabilidade pela galopante inflação no Brasil. Ele abordou o assunto ao conversar com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada, após o IBGE divulgar o IPCA de abril.

No rol de culpados pelo aumento nos preços, na avaliação de Bolsonaro, estão os governadores e prefeitos que adotaram medidas para conter o avanço da Covid-19 nos momentos mais agudos da pandemia.

“O mais importante é o custo de vida no mundo todo. Alimento, combustível, falo aluguel também. Tudo subiu de preço. O Brasil foi um dos países em que menos subiu o preço das coisas“, alegou o ex-capitão. “A crise é no mundo todo. Aqui no Brasil está caro? Está. Agora, alguns me acusam injustamente. Por que isso aí? Vocês lembram do ‘fica em casa, a economia a gente vê depois’? Então, quem mandou ficar em casa é o responsável por isso.”

O IPCA, considerado o instrumento oficial de medição do índice, fechou abril em 1,06%, após uma alta de 1,62% em março. Trata-se da maior variação para um mês de abril em 26 anos (em 1996, chegou a 1,26%). Em 2022, o IPCA acumula elevação de 4,29%. Em 12 meses, o acumulado é de 12,12%, o maior nível para o período de um ano desde outubro de 2003, quando alcançou 13,98%.

Ao dizer que o Brasil seria um dos países que menos sofrem com a inflação, Bolsonaro torna a desinformar a população. Levantamento da Trading Economics, plataforma que reúne e analisa os dados oficiais de quase 200 países, demonstra que a inflação brasileira é a quarta maior entre as nações do G20 e a sexta no continente americano.

No G20, vivem situação pior que a brasileira apenas a Turquia, cuja inflação em 12 meses chega a 66,97%, a Argentina (55,1%) e a Rússia (16,7%). A quinta colocada na lista é a Holanda, cujo índice de inflação em 12 meses, já atualizado em abril, é de 9,7%.

Ao analisar apenas o continente americano, o ranking demonstra que a inflação mais alta é a da Venezuela, com acumulado em 12 meses de 222%. Atrás vêm Suriname (61,5%, com dados atualizados em janeiro), Argentina (55,1% até março), Haiti (23,95% até janeiro) e Cuba (23,3% até janeiro). Em sexto lugar vem o Brasil, seguido pelo Paraguai (11,8%, já atualizado em abril).

Veja os índices de inflação entre países do G20:

Fonte: Trading Economics

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