Política
PT defende revogar a reforma trabalhista e ‘modernizar a legislação’
A sigla também propõe que os trabalhadores estejam ‘no mesmo patamar de negociação com os patrões e com o governo’


O Diretório Nacional do PT decidiu propor a revogação da Reforma Trabalhista no programa da federação recém-aprovada com PCdoB e PV. O comando petista se reuniu na quarta-feira 13 e, entre outros pontos, chancelou a aliança nacional com o PSB e o nome de Geraldo Alckmin como vice na chapa encabeçada por Lula.
PCdoB e PV teriam de avalizar a sugestão antes de ela integrar um programa de governo.
A Reforma Trabalhista é considerada por petistas – e por amplas parcelas da esquerda – uma das mais amargas medidas aplicadas após o golpe de 2016, que permitiu a ascensão de Michel Temer. As mudanças foram aprovadas pelo Congresso Nacional em 2017, um ano depois de confirmado o impeachment de Dilma Rousseff.
Segundo Jilmar Tatto, secretário de comunicação do PT e membro do Diretório Nacional, a cúpula petista optou por propor uma revogação da Reforma Trabalhista e defender “um novo marco regulatório”, a fim de “modernizar toda essa legislação, de tal maneira que os trabalhadores se sintam protegidos do ponto de vista dos seus direitos”.
Tatto mencionou, em mensagem enviada a CartaCapital, que uma nova legislação deveria incluir “milhões de trabalhadores que hoje estão fora do mercado”, como os que atuam em home office e os que prestam serviços para aplicativos.
O PT também defende que os trabalhadores estejam “no mesmo patamar de negociação com os patrões e com o governo”. Para atingir esses objetivos, o partido entende ser necessário reverter as alterações impostas pela reforma de 2017.
Nesta quinta, Lula criticou a Reforma Trabalhista em evento que reuniu as principais centrais sindicais do País. Ele esteve ao lado de seu vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB). De acordo com o ex-presidente, “a questão do emprego” será “uma obsessão” na campanha.
Lula mirou pontos específicos da reforma, como a instituição do trabalho intermitente, e rejeitou a glamourização do termo “empreendedor”.
“Não adianta dizer que vamos mudar tudo para ser o que era antes. Não queremos, queremos melhorar. Nós queremos adaptar a nova legislação trabalhista à realidade atual. Não queremos voltar a 1943, mas fazer um acordo com a realidade de 2023, de 2030”, afirmou. “O cidadão não pode carregar comida nas costas passando fome. Não somos contra o jovem querer trabalhar entregando comida de moto ou bicicleta, somos contra ele não ser respeitado como trabalhador.”
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