Mundo
Putin dispara contra ‘russos pró-Ocidente’ e pede ‘autopurificação da sociedade’
Em pronunciamento, o chefe do Kremlin também atacou costumes na Europa e nos Estados Unidos e a tentativa de ‘cancelar’ a Rússia


O presidente Vladimir Putin proferiu, nesta quarta-feira 16, um grave discurso contra a oposição a seu governo na Rússia. Disparando contra os russos que considera “pró-ocidentais”, ele afirmou que estes deveriam ser “cuspidos como uma mosca” pelos demais cidadãos do país, conclamando-os a uma “autopurificação”.
“Estou convencido de que uma autopurificação tão natural e necessária da sociedade só fortalecerá nosso país, nossa solidariedade, nossa coesão e nossa prontidão para responder a quaisquer desafios”, afirmou o chefe do Kremlin.
A mensagem se dirige não apenas à oposição organizada politicamente, mas à parcela da sociedade contrária, por exemplo, à “operação militar especial” desenvolvida na Ucrânia e rechaçada pelas potências ocidentais.
O Ocidente, nas palavras de Putin, trava uma guerra “total e não disfarçada” contra a Rússia. Ele também comparou as sanções ocidentais e os pogroms antissemitas executados por nazistas. Putin mencionou, por exemplo, tentativas de “cancelar” a Rússia com a “proibição” de música, cultura e literatura do país. “Há apenas um objetivo”, argumentou: “A destruição da Rússia”.
No pronunciamento, transmitido por TVs locais, Putin também atacou costumes na Europa e nos Estados Unidos.
“Eu não julgo aqueles com villas em Miami ou na Riviera Francesa. Ou quem não pode viver sem ostras, foie gras ou as chamadas ‘liberdades de gênero”, insinuou. “O problema é que eles estão mentalmente lá, e não aqui, com nosso povo, com a Rússia.”
A declaração contrasta com o aparente avanço nas negociações por um acordo entre Moscou e Kiev no campo militar. Segundo o jornal britânico Financial Times, os dois lados obtiveram progressos significativos na concepção de um acordo de paz, que incluiria um cessar-fogo e a retirada das tropas russas de territórios ucranianos. Em contrapartida, Kiev deverá garantir sua neutralidade (abrindo mão de ingressar na Otan) e aceitar limites para suas forças armadas.
As informações foram transmitidas ao veículo nesta quarta 16 por três pessoas envolvidas nas negociações. De acordo com o FT, Rússia e Ucrânia discutiram o acordo pela primeira vez na última segunda 14.
Os principais obstáculos para o acordo seriam a natureza das garantias oferecidas por potências ocidentais à Ucrânia – e a reação russa a elas – e o status de territórios como Lugansk e Donestk, reconhecidos como independentes por Moscou.
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