Política
Alckmin diz que chance de ser vice de Lula ‘caminha’, segundo sindicalistas
O ex-governador participou de reunião com centrais sindicais em São Paulo e sinalizou a possibilidade de chapa com PT, afirmam presentes


Em reunião com centrais sindicais, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu sinais de que avançam os diálogos sobre a possibilidade de ser vice na chapa presidencial com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo relatos de lideranças a CartaCapital.
O encontro ocorreu na manhã desta segunda-feira, por volta das 11h30, na sede da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo, ligada à Força Sindical, no centro da capital paulista. Além da Força, associada ao partido Solidariedade, estavam presentes sindicalistas da Nova Central, da União Geral dos Trabalhadores e da Central dos Trabalhadores do Brasil.
Representantes confirmaram à reportagem a declaração de Alckmin, veiculada pelo jornal O Globo, de que a “hipótese federal caminha”, apesar de ter se preparado para a disputa da gestão estadual.
Segundo o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, o tucano deu sinais em um discurso “de candidato”, priorizando as pautas internacionais e nacionais.
“O discurso dele, mesmo não falando ‘eu sou’, mas que caminha para isso, indica que ele é candidatíssimo. Depende do outro lado, tem que combinar com os russos. Temos certeza de que, para o Lula ganhar, tem que ir para o centro. E o Alckmin tem um trânsito no movimento sindical muito grande aqui em São Paulo. Achamos essa possibilidade muito boa”, afirmou o sindicalista. “Ele está com o uniforme completo dentro da área. Derrubou, é pênalti.”
Rodrigo Pereira, um dos secretários da Nova Central que estavam presentes na reunião, frisou que Alckmin não confirmou a decisão sobre ser vice de Lula, mas demonstrou que considera essa possibilidade e que os diálogos estão avançando.
“Ele se sentiu muito feliz e contemplado na reunião”, disse. “Ele é um dos melhores candidatos do momento.”
Para o presidente da Nova Central, José Reginaldo Inácio, que não esteve no encontro mas acompanha os diálogos das centrais com Alckmin, “faz-se necessário pensar em uma frente ampla” para derrotar Jair Bolsonaro.
“Num primeiro momento, as centrais sindicais decidiram procurá-lo, mostrando que, no ponto de vista dessas centrais, se houver efetivamente o convite do Lula, nós entendemos a importância dessa frente ampla”, disse o sindicalista, que deixa na terça-feira 30 a presidência da Nova Central e se diz “lulista”.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, relatou que Alckmin manifestou “abertura para o diálogo”. A CTB, que tem ampla participação do PCdoB e do PSB, mas também presença do PT e do PDT, não ignora a possibilidade de união do campo democrático contra Bolsonaro, mas a construção está em curso – “pode ser com Alckmin, pode ser com outro”.
“O Alckmin demonstrou muita empatia em estar aberto para o diálogo. Colocou que, depois da retomada dele aos estudos, à academia e à carreira, ele começou a ouvir as opiniões acerca de uma perspectiva de projeto de governo estadual em São Paulo, e na medida que houve uma sinalização da possibilidade de um debate nacional, ele não descartou a possibilidade de participar desse diálogo”, declarou Araújo.
Já Ricardo Patah, presidente da UGT, disse avaliar que Alckmin deve se inclinar para a candidatura ao governo de São Paulo, devido às altas expectativas de vitória no estado.
“Eu entendi que ele ainda não sabe. A minha impressão é de que ele vai ser candidato a governador, porque nas pesquisas ele está em 1º lugar. Ele falou muito no cenário nacional, mas só São Paulo já é um cenário nacional, por conta da representatividade no PIB e da visibilidade mundial”, declarou o sindicalista.
A UGT é ligada ao PSD, que tem o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) cotado à disputa pela Presidência da República. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, trabalha para tirar Alckmin do PSDB e lançá-lo à eleição paulista. Os tucanos, que têm João Doria como pré-candidato à Presidência, encaminham-se para designar Rodrigo Garcia como candidato no estado. Doria, no entanto, disse que Alckmin “é bem-vindo” no seu projeto presidencial.
Segundo Patah, Alckmin deve se encontrar com Márcio França (PSB) no próximo sábado, 4 de dezembro, no Sindicato dos Padeiros, filiado à UGT. Em recente entrevista a CartaCapital, Márcio França declarou que a ideia de unir Alckmin a Lula partiu de Fernando Haddad (PT), que almeja o governo de São Paulo.
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