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Bolsonaro celebra morte de Lázaro com gíria de grupos de extermínio

‘CPF cancelado’, publicou o presidente nas redes sociais em referência ao abate do criminoso pela polícia

Bolsonaro celebra morte de Lázaro com gíria de grupos de extermínio
Bolsonaro celebra morte de Lázaro com gíria de grupos de extermínio
O presidente da República, Jair Bolsonaro, posa para foto com apresentador de TV Sikêra Jr. Foto: Alan Santos/PR
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Após a confirmação da morte de Lázaro Barbosa em ação da polícia de Goiás, o presidente Jair Bolsonaro voltou a usar a polêmica expressão ligada a grupos de extermínio e milícias para celebrar o desfecho do caso.

“CPF cancelado”, publicou o presidente nas redes sociais em referência à morte do criminoso.

Em seguida, numa outra publicação, o presidente parabenizou e agradeceu a Polícia Militar de Goiás pelo resultado da operação.

As buscas por Lázaro duraram 20 dias. Ao ser encontrado, o baiano foi morto em uma troca de tiros com a Polícia. A captura do chamado ‘serial killer’ de Brasília ocorreu em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal.

Condenado por assassinatos e estupros, o fugitivo era procurado por uma série de crimes. Lázaro também é acusado pela morte de quatro pessoas de uma família em Ceilândia, no Distrito Federal, e de um caseiro de uma fazenda no distrito de Girassol, em Goiás.

 


Relembre o caso

As buscas por Lázaro Barbosa iniciaram há 20 dias, logo após a morte de quatro integrantes de uma mesma família em Ceilândia, no Distrito Federal, no dia 9 de junho.

O baiano Lázaro, de 32 anos, foi então apontado como principal suspeito pela chacina e passou a ser perseguido pela Polícia. O criminoso passou a ser chamado de o ‘serial killer de Brasília’.

Após os crimes, ele fugiu para Cocalzinho, em Goiás, onde se instalou uma verdadeira força-tarefa composta por 270 agentes das mais diversas forças de segurança de Goiás e do DF. Na operação foram usados drones, helicópteros e cães farejadores.

Enquanto fugia das centenas de policiais, Lázaro cometeu dezenas de outros crimes e atos violentos por onde passou. Invadiu propriedades, fez reféns, atirou em civis e policiais, furtou e incendiou carros, entre outros.

Ao passo em que as buscas se alongavam sem resultados, a operação passou a ser questionada. Especialistas, a pedido da CartaCapital, avaliaram o caso e relataram suas percepções. A principal análise foi de que a operação mostrou fortes evidências da falta de profissionalismo e a falência da segurança pública brasileira.

A cobertura midiática também foi alvo das análises e pode ter contribuído significativamente para o desfecho da operação.

Motivações para os crimes

A motivação de Lázaro Barbosa para cometer os crimes ainda não foi descoberta. Com a morte dele, porém, novos obstáculos surgem na investigação. Até então não há conclusões sobre o que levou o criminoso a cometer tais atos.

Em 20 dias de busca, as teorias do porque o ‘serial killer’ cometeu os crimes já foram de motivações obscuras envolvendo ‘satanismo’ e ‘bruxaria’ à formação de quadrilha entre fazendeiros para abaixar o valor de compra dos terrenos na região.

As teorias envolvendo práticas ocultas, porém, parecem ter ficado para trás. Na última quinta-feira 24 as autoridades passaram a investigar a sério a participação de fazendeiros locais nos crimes e a existência de uma possível rede de apoio ao criminoso.

Em entrevista coletiva concedida logo após a morte do de Lázaro, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda,  destacou que a operação continua e agora opera em três linhas de investigação.

São elas:

  • Homicídios pagos com objetivo de diminuir o preço dos imóveis da região;
  • a contratação de Lázaro como jagunço de fazendeiros em disputas locais;
  • e uma terceira hipótese de que o criminoso seria uma espécie de segurança das fazendas.

As linhas de investigação já resultaram na prisão de um fazendeiro e um caseiro da região onde Lázaro foi morto. O caseiro relatou em depoimento à Polícia, que Lázaro foi abrigado na propriedade pelo patrão por cinco dias. Na propriedade, ele pode descansar e recebeu três refeições por dia, segundo o relato do funcionário. A entrada dos policiais na propriedade também teria sido dificultada pelo patrão. O fazendeiro nega.

O caseiro relatou ainda que o fazendeiro preso tem ligações pessoais com a família de Lázaro, tendo sido patrão da mãe e do tio do dele, além de ter ajudado a família financeiramente quando o irmão de Lázaro faleceu.

Mais cedo, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, disse acreditar que Lázaro não é ‘um lobo solitário’ e que atuava com uma rede de apoio. A operação agora busca outros integrantes dessa suposta quadrilha para tentar entender as motivações dos crimes.

Segundo apontou Miranda na entrevista, o fazendeiro preso é tratado como um dos líderes dessa possível organização criminosa.

“As investigações não acabam aqui. Ainda temos algumas pessoas para investigar e prender. Mas, o principal, que seria o empresário, um dos líderes da organização, e o psicopata (Lázaro), esses já não são problema para a comunidade”, disse.

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