Opinião

Os decretos para os armamentistas brasileiros visam interesses ruralistas

Não invalido um dono de fazenda ter uma arma para defender-se de furtos, roubos, ameaças. Mas tanto assim?

Os decretos para os armamentistas brasileiros visam interesses ruralistas
Os decretos para os armamentistas brasileiros visam interesses ruralistas
Foto: José Cruz/Agência-Brasil
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Certeza de que os decretos abrindo pernas para os armamentistas brasileiros, na gênese, e mentirosamente por parte de Jair Bolsonaro, visam atender interesses ruralistas. 

Em vão, demente. Esses não precisam de tais permissões, pois vivem junto a seus jagunços, há décadas, armados até os dentes, na contramão das leis, coonestadas por autoridades locais em extensos churrascos e etílicas libações.

 

Na levada, (apud o janota Ricardo Salles) conseguem fazer passar a boiada sobre o meio ambiente, ao arrepio de qualquer código. Assim vão desmatando, destruindo biomas e biodiversidade, motosserras e tratores ligados a correntes, armas de destruição, similares aos berros, fuzis, metralhas, a serem liberados. De certa forma, vivem com suas famílias, em locais isolados.

Não invalido um dono de fazenda ter uma arma para defender-se de furtos, roubos, ameaças às suas vidas, ataques de facínoras. 

Mas tanto assim, como quer Jair Bolsonaro, que tenta legislar ao arrepio dos poderes Legislativo e Judiciário, ele, pequena patente da reserva?

Por mais de trinta anos trabalhando na indústria de fertilizantes químicos, sempre foi exigida autorização do Exército para importar, produzir e comercializar o nitrato de amônio, produto altamente explosivo.

Na presença de substâncias combustíveis ou fontes intensas de calor, no planeta, causou enormes tragédias. 

Explosão que devastou a zona portuária de Beirute, no Líbano, causando mais de 100 mortes; fábrica da Basf, em Oppau, Alemanha (1921); navio SS Grandcamp, Texas, EUA (1947); atentado em Oklahoma City, EUA, 168 mortos e 700 feridos (1995); Usina da AZF, Toulouse, França, (2001); Bali, Indonésia, atentado em discoteca (2002), entre mortos e feridos 400 pessoas, meio a meio; carro-bomba em Oslo, Noruega (2011); tem mais, em 2013, 2015, 2017.

Pesquisem.

É esse o risco que o “Mito” Jair quer ver sofrermos para impor seus ideais autoritários, que só não beiram o nazifascismo por ele ser muito ignorante para saber o que foram aqueles movimentos históricos.

Hoje em dia, não estou mais na indústria química. Assessoro empresas que fabricam insumos agrícolas e se originam de substâncias orgânicas, naturais, minerais e biológicas.

Mesmo assim, em certas formulações (poucas), é necessária na composição alguma matéria-prima, infinitamente de menor periculosidade, e que exige autorização do Exército. Solicitamos, aguardamos e respeitamos.

Por que, então, o Regente Insano Primeiro, clã, acólitos e imbecis apoiadores, sentem-se no direito de passar por cima dos poderes Legislativo, Judiciário e das Forças Armadas e instituir decretos para armar a população brasileira, nas formas mais escabrosas possíveis? 

Não seria para, percebendo sua irreversível queda de popularidade, por ações negacionistas na pandemia e economia em completo naufrágio, patrocinada por ação do ultrapassado Paulo Guedes, realizar que sua reeleição, em 2022, está a cada dia mais longe?

Diante disso, não seria sua intenção armar milícias, para um putsch (arremedo de golpe de Estado, quando fracas as instituições)?

Esquerda fragmentada, centro-direita do Congresso no Acordão, Judiciário rachado e em transição para as marotas indicações de RIP, Forças Armadas no muro ou Mourão, povo amedrontado por pandemia e inércia política de protestar nas ruas. Esperto, arma seus facínoras.

Democracia ou guerra fratricida? Decidam antes que seja tarde. Minha opinião, mas não esperança. Continuaremos como bovinos caminhando ao matadouro.

Espero que os jovens me entendam e lutem. Como muitos de nós, democratas jurássicos, o fizemos depois do golpe que derrubou o presidente constitucional, João Goulart. 

Inté.    

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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