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Lava Jato pede ao STF que diálogos com Moro sejam declarados prova ‘ilícita e imprestável’
‘Tal material pode ter sido objeto de múltiplas adulterações’, dizem procuradores


Logo depois de o ex-juiz Sergio Moro dizer que não reconhece a autenticidade da nova leva de diálogos que comprovam sua proximidade com os procuradores da Operação Lava Jato, a força-tarefa de Curitiba acionou o Supremo Tribunal Federal para pedir que todo o acervo da Operação Spoofing seja declarado como prova “ilícita e imprestável”.
“Tal material pode ter sido objeto de múltiplas adulterações, é imprestável e constitui um nada jurídico, de modo que nenhuma perícia após a sua apreensão terá o condão de transformar a sua natureza como que por um passe de mágica”, diz um trecho do pedido.
Em ofício enviado ao ministro Ricardo Lewandowski nesta segunda-feira 1, os procuradores ainda pedem a revogação da ordem de compartilhamento das mensagens com a defesa do presidente Lula, que deve ser proibido de usar o conteúdo “para qualquer finalidade que seja, inclusive em defesas judiciais”.
Assinam o documento, entre outros, o ex-chefe da força-tarefa em Curitiba Deltan Dallagnol e os procuradores Januário Paludo e Laura Tessler.
Nesta segunda, Lewandowski levantou o sigilo das conversas entre os procuradores e Moro. Parte dos diálogos, apresentados em um documento com 50 páginas, já era de conhecimento público. Vieram à tona desta vez, porém, mais conversas que reforçam a proximidade fora dos autos entre as partes.
O material fortalece a denúncia de que o grupo chefiado por Dallagnol recebia orientações expressas do magistrado que seria responsável pelo julgamento dos casos em primeira instância.
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