Diversidade

Magazine Luiza aumenta número de contratados em trainee para negros

A repercussão do programa fez as inscrições ultrapassarem as 22,5 mil; grupo anunciou que vai contratar 19 profissionais

Magazine Luiza aumenta número de contratados em trainee para negros
Magazine Luiza aumenta número de contratados em trainee para negros
Foto de divulgação do processo seletivo para trainee da Magazine Luiza (Foto: Divulgação/99Jobs)
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O grupo Magazine Luiza concluiu o processo seletivo de seu programa de trainees que foi alvo de ataques nas redes sociais por ser destinado apenas a profissionais negros.

A repercussão fez as inscrições ultrapassarem o número de 22,5 mil. A empresa anunciou que vai contratar 19 trainees, em vez de dez, como era o habitual.

“Gente boa a gente quer, ainda mais para cumprir um propósito que, para nós, é relevante, de ajustar a diversidade racial na liderança. Nunca fechamos que só poderíamos contratar dez. Era só a referência. Sempre tivemos claro que, se tivesse mais candidatos excelentes, nós contrataríamos”, disse Patricia Pugas, diretora-executiva de gestão de pessoas da empresa, à Folha de S.Paulo.

Defensoria Pública processou empresa

Em outubro, a Defensoria Pública da União (DPU) entrou com um processo contra a Magazine Luiza por causa de um programa de trainee exclusivo para candidatos negros.

Para o defensor Jovino Bento Júnior, responsável por protocolar a ação civil pública em tutela de urgência, o processo seletivo da empresa é “ilegal” por discriminar “demais trabalhadores que também dependem da venda de sua força de trabalho para manter a si mesmos e às respectivas famílias”.

“A reclamada sempre contratou negros em seus programas de trainee, algo plenamente comum. Portanto, nada justifica que pretenda, agora, que seu programa seja exclusivo para determinada raça/cor”, afirma o texto da ação.

Na argumentação, o defensor utilizou do Estatuto da Igualdade Racial para apontar “discriminação” por parte da empresa. Como exemplo, citou uma crítica do atual presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo – famoso também por atacar constantemente movimentos negros brasileiros.

Logo depois, o defensor pediu afastamento do cargo, manutenção do salário e proteção policial, por estar sofrendo ameaças de morte.

“E em meio a esse caldo efervescente e sem qualquer intervenção ou providência, de qualquer destas instâncias, o ódio só cresceu. O que poderia ter sido evitado com a ação tempestiva e correta não o foi. E assim passei a receber ameaças de atentado contra a minha vida, tanto quanto contra a minha família”, afirmou Jovino.

No pedido de afastamento, o defensor anexou o que seria uma dessas ameaças feitas pela internet. Um homem diz que iria “descarregar duas pistolas” em sua cabeça.

Ele ainda teceu críticas a militantes e a políticos do Partido dos Trabalhadores (PT) que, segundo ele, estariam tentando cercear sua autonomia funcional.

No pedido de afastamento, Jovino também pede a manutenção dos seus vencimentos, de aproximadamente 24 mil reais por mês.

O defensor moveu ação contra a empresa alegando que a definição de vagas exclusiva para negros viola a Constituição Federal, criando o que ele classificou como “racismo reverso”.

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