Justiça

Moro diz ao STF que Bolsonaro deve depor pessoalmente sobre interferência na PF

Ex-ministro enviou petição em que pede ‘equidade de posições’ no processo

Moro diz ao STF que Bolsonaro deve depor pessoalmente sobre interferência na PF
Moro diz ao STF que Bolsonaro deve depor pessoalmente sobre interferência na PF
Posse de Sérgio Moro no Ministério da Justiça, com a presença do presidente Jair Bolsonaro e no ministro Onyx Lorenzoni. Foto: Alan Santos
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O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro enviou ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) uma petição em que defende que o presidente Jair Bolsonaro preste depoimento pessoalmente, no âmbito do inquérito que investiga suposta interferência na Polícia Federal.

Moro deixou o governo em abril por queixas de que Bolsonaro tentou mudar a administração da Polícia Federal por preferências políticas. Em 11 de setembro, o ministro Celso de Mello, do STF, determinou que Bolsonaro se explique pessoalmente, mas o presidente da República recorreu da decisão a fim de depor por escrito.

Em 30 de setembro, Celso de Mello abriu prazo para que Sérgio Moro manifestasse sua opinião sobre o pedido de Bolsonaro, já que também é investigado no inquérito. A petição do ex-ministro enviada nesta semana é uma resposta ao decano do STF.

No documento, Moro afirma que não é possível aplicar, neste caso, o Artigo 221 do Código de Processo Penal, que prevê que o presidente da República pode optar por prestar depoimento por escrito. O dispositivo é citado pela defesa de Bolsonaro para justificar o recurso, mas o ex-ministro da Justiça diz que essa lei não ampara quem está na condição de investigado ou denunciado.

“A prerrogativa nele insculpida não se estende àqueles – mesmo os membros efetivos do Poder Legislativo ou o chefe do Poder Executivo – na condição de investigados ou denunciados”, sustenta Moro.

Moro também argumenta que é preciso prestigiar “a equidade de posições” no processo e lembra que seu depoimento foi prestado de forma presencial, em 2 de maio.

“O entendimento do Decano deste Supremo Tribunal Federal prestigia a equidade de posições entre aqueles que ostentam a condição de arguidos em procedimento investigatório, uma vez que o ora peticionário Sérgio Moro fora ouvido, presencialmente, perante às autoridades da persecução penal”, escreve o ex-ministro.

Diante do exposto, requer-se seja mantido, por este d. Órgão Colegiado, o entendimento monocrático no sentido de determinar a oitiva presencial do Exmo. presidente da República Jair Messias Bolsonaro no âmbito da presente investigação.

Ao antecipar o voto em 24 de setembro, o ministro Marco Aurélio Mello disse que Bolsonaro deve ser autorizado a depor por escrito porque o STF permitiu que Michel Temer fizesse o mesmo, também na condição de investigado, em 2017.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que quer “enterrar” esse processo e chamou o inquérito de “farsa”.

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