Política
É possível acreditar na palavra de Serra?
Colunista fala sobre pesquisa com Dilma e Serra e mais: o apoio do PSDB ao governo pelo Código Florestal e a amizade entre Cavendish e Eduardo Cunha
Palavra de Serra
Novamente candidato à prefeitura de São Paulo, Serra, ex-prefeito, já administrou a cidade por pouco mais de um ano (2005-2006). Rasgou o compromisso, assinado, de ficar no cargo o quadriênio regulamentar. Assim se viu forçado a dizer que abandonou “o sonho da Presidência”.
É possível acreditar na palavra de Serra?
O Datafolha responde que não. Por isso, simulou um novo embate Dilma x Serra: ela venceria por 69% a 21% se a eleição fosse hoje. Um banho eleitoral editado com cuidado tucano.
A cunha de Cavendish
O empresário pernambucano Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, projetou-se no mundo dos negócios a partir do momento que transferiu a matriz da empresa para o Rio de Janeiro, em 1955.
Era o começo da gestão do governador tucano Marcelo Alencar. Os negócios para a Delta, no entanto, melhoraram muito, a partir de 1999, nos governos Garotinho e Rosinha e do primeiro governo Sérgio Cabral até agora.
O grande anfitrião político de Cavendish entre os cariocas, entretanto, sempre foi Eduardo Cunha, deputado federal do PMDB, amigo de Garotinho e Cabral, e sombra do deputado Henrique Alves, líder e influente quadro do PMDB.
Lado A…
Carlinhos Cachoeira tem uma fachada de negócios legais. Uma das empresas dele opera com inspeção veicular e, preferencialmente, com os governos estaduais tucanos: Marconi Perillo (Goiás), Siqueira Campos (Tocantins), Teotônio Vilela (Alagoas) e Anchieta Júnior (Roraima).
Ele tentou entrar em Minas Gerais, mas consta que a porta lhe foi fechada.
… Lado B
Com a fachada ilegal de negócios – a contravenção – Cachoeira não teve sucesso no Rio de Janeiro. Ele tentou entrar no negócio dos bingos, em 2002, via Loteria do Rio de Janeiro (Loterj). Levou um passa-fora dos bicheiros locais.
Tucanos com Dilma
O fosso entre o PT e o PSDB às vezes não é tão profundo o quanto parece. José Carlos Carvalho, ligado a Aécio Neves, ex-ministro do Meio Ambiente de FHC, voou de Belo Horizonte para Brasília para debater o Código Florestal com a bancada tucana que, anteriormente, tinha votado inteiramente contra o governo.
Na votação de agora, metade da bancada ficou com Dilma. A radicalização parece restrita
a São Paulo, no confronto entre Corinthians (Lula) e Palmeiras (Serra).
Operação abafa
No restrito circuito dos institutos de pesquisa, pegou mal a pergunta do Datafolha sobre a opção do eleitor sobre o candidato preferencial do PT em 2014. Lula obteve 57% e Dilma, 32%. Outro esforço inútil para abafar a repercussão da provação do governo Dilma.
Portugal, meu avozinho
Oeiras fica nas imediações de Lisboa, capital portuguesa. Placas ornamentadas identificam as ruas daquela Vila. Para os turistas brasileiros, porém, algumas delas (foto) podem ser muito mais que isso. Podem explicar certas práticas de nossa herança política.
Sombra triste
Stanislaw Ponte Preta, heterônimo do cronista carioca Sérgio Porto (1923-1968), brincava muito com Niterói. Apelidou-a, por exemplo, de “Cidade Sorriso”, pela alegria estampada na face dos niteroienses, graças à visão frontal privilegiada do Rio de Janeiro, do outro lado da Baía de Guanabara.
Hoje em dia, mesmo essa ingênua brincadeira perdeu a graça. Stanislaw perceberia a sombra de tristeza que encobre a agradabilíssima Niterói, aterrorizada pela violência incomum na cidade, praticamente à mercê de marginais e traficantes que se beneficiam da falta de cobertura policial preventiva da Polícia Militar.
Apenas 700 policiais, do 12º BPM, cuidam da segurança de, aproximadamente, 650 mil habitantes. Descaso? Talvez não. Descuido? Talvez sim. Há sinais fortes, a partir de algumas prisões efetuadas, que os traficantes migraram para lá. Faltou, nesse caso, planejamento decorrente das consequências da bem-sucedida retomada do controle de algumas favelas cariocas coma presença numerosa de PMs. Cobriram a cabeça e não viram que os pés ficaram de fora.
Palavra de Serra
Novamente candidato à prefeitura de São Paulo, Serra, ex-prefeito, já administrou a cidade por pouco mais de um ano (2005-2006). Rasgou o compromisso, assinado, de ficar no cargo o quadriênio regulamentar. Assim se viu forçado a dizer que abandonou “o sonho da Presidência”.
É possível acreditar na palavra de Serra?
O Datafolha responde que não. Por isso, simulou um novo embate Dilma x Serra: ela venceria por 69% a 21% se a eleição fosse hoje. Um banho eleitoral editado com cuidado tucano.
A cunha de Cavendish
O empresário pernambucano Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, projetou-se no mundo dos negócios a partir do momento que transferiu a matriz da empresa para o Rio de Janeiro, em 1955.
Era o começo da gestão do governador tucano Marcelo Alencar. Os negócios para a Delta, no entanto, melhoraram muito, a partir de 1999, nos governos Garotinho e Rosinha e do primeiro governo Sérgio Cabral até agora.
O grande anfitrião político de Cavendish entre os cariocas, entretanto, sempre foi Eduardo Cunha, deputado federal do PMDB, amigo de Garotinho e Cabral, e sombra do deputado Henrique Alves, líder e influente quadro do PMDB.
Lado A…
Carlinhos Cachoeira tem uma fachada de negócios legais. Uma das empresas dele opera com inspeção veicular e, preferencialmente, com os governos estaduais tucanos: Marconi Perillo (Goiás), Siqueira Campos (Tocantins), Teotônio Vilela (Alagoas) e Anchieta Júnior (Roraima).
Ele tentou entrar em Minas Gerais, mas consta que a porta lhe foi fechada.
… Lado B
Com a fachada ilegal de negócios – a contravenção – Cachoeira não teve sucesso no Rio de Janeiro. Ele tentou entrar no negócio dos bingos, em 2002, via Loteria do Rio de Janeiro (Loterj). Levou um passa-fora dos bicheiros locais.
Tucanos com Dilma
O fosso entre o PT e o PSDB às vezes não é tão profundo o quanto parece. José Carlos Carvalho, ligado a Aécio Neves, ex-ministro do Meio Ambiente de FHC, voou de Belo Horizonte para Brasília para debater o Código Florestal com a bancada tucana que, anteriormente, tinha votado inteiramente contra o governo.
Na votação de agora, metade da bancada ficou com Dilma. A radicalização parece restrita
a São Paulo, no confronto entre Corinthians (Lula) e Palmeiras (Serra).
Operação abafa
No restrito circuito dos institutos de pesquisa, pegou mal a pergunta do Datafolha sobre a opção do eleitor sobre o candidato preferencial do PT em 2014. Lula obteve 57% e Dilma, 32%. Outro esforço inútil para abafar a repercussão da provação do governo Dilma.
Portugal, meu avozinho
Oeiras fica nas imediações de Lisboa, capital portuguesa. Placas ornamentadas identificam as ruas daquela Vila. Para os turistas brasileiros, porém, algumas delas (foto) podem ser muito mais que isso. Podem explicar certas práticas de nossa herança política.
Sombra triste
Stanislaw Ponte Preta, heterônimo do cronista carioca Sérgio Porto (1923-1968), brincava muito com Niterói. Apelidou-a, por exemplo, de “Cidade Sorriso”, pela alegria estampada na face dos niteroienses, graças à visão frontal privilegiada do Rio de Janeiro, do outro lado da Baía de Guanabara.
Hoje em dia, mesmo essa ingênua brincadeira perdeu a graça. Stanislaw perceberia a sombra de tristeza que encobre a agradabilíssima Niterói, aterrorizada pela violência incomum na cidade, praticamente à mercê de marginais e traficantes que se beneficiam da falta de cobertura policial preventiva da Polícia Militar.
Apenas 700 policiais, do 12º BPM, cuidam da segurança de, aproximadamente, 650 mil habitantes. Descaso? Talvez não. Descuido? Talvez sim. Há sinais fortes, a partir de algumas prisões efetuadas, que os traficantes migraram para lá. Faltou, nesse caso, planejamento decorrente das consequências da bem-sucedida retomada do controle de algumas favelas cariocas coma presença numerosa de PMs. Cobriram a cabeça e não viram que os pés ficaram de fora.
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