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Estados Unidos ‘declaram guerra’ ao Google por ‘monopólio ilegal’

Ação pede mudanças ‘estruturais’ que abram as portas para uma possível fragmentação da empresa

Estados Unidos ‘declaram guerra’ ao Google por ‘monopólio ilegal’
Estados Unidos ‘declaram guerra’ ao Google por ‘monopólio ilegal’
Foto: FABRICE COFFRINI / AFP Logo do Google exibido em prédio do Fórum Econômico Mundial. Foto: FABRICE COFFRINI / AFP
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O governo dos Estados Unidos iniciou nesta terça-feira 20 um processo judicial contra o Google. A gigante da tecnologia é acusada de manter “monopólio ilegal” das buscas e publicidade na internet. A ação pede mudanças “estruturais” que abram as portas para uma possível fragmentação da empresa.

 

O processo, de grande significado político, pode durar anos. Mas desde já inicia uma batalha com implicações potencialmente importantes para o setor. Para a empresa, a acusação é falha: “As pessoas usam o Google porque o escolheram, não porque são obrigadas a fazê-lo ou porque não podem encontrar alternativas”.

“Google é a porta de entrada para a internet”, disse o promotor-adjunto do Departamento de Justiça, Jeffrey Rosen, citando os bilhões em pagamentos da companhia aos fabricantes de dispositivos para continuar sendo o principal motor de buscas. “Manteve seu monopólio mediante práticas excludentes que são prejudiciais para a concorrência”.

A ação, iniciada em Washington e que envolve 11 estados, propõe ao tribunal uma série de soluções. Entre elas, proibir “práticas monopólicas” do Google e determinar “o alívio estrutural necessário para reparar qualquer dano” aos concorrentes. Questionado sobre como os funcionários poderiam dividir o Google, Rosen se esquivou: “O litígio terá que continuar um pouco mais antes de querermos estabelecer detalhes específicos”.

Titãs da tecnologia na mira

O processo foi apresentado após meses de investigações por parte de agentes anti-monopólio federais e estaduais no país. Na mira, também estão outros titãs como Amazon, Facebook e Apple.

Rosen disse que o caso do Google não será o último em relação à sua pesquisa sobre as grandes plataformas tecnológicas: “Planejamos continuar com nossa análise das práticas competitivas das principais plataformas online”.

O senador republicano do Missouri, Josh Hawley, muito crítico às empresas do setor, comemorou o início do processo e disse que será “o processo pelo maior abuso de domínio em uma geração”.

Google, a unidade principal da Alphabet, opera o motor de buscas dominante na maior parte do mundo e uma variedade de serviços relacionados, como mapas, e-mail, publicidade e compras. Gerencia ainda o sistema operacional móvel Android, usado na maioria dos smartphones em todo o mundo.

A empresa já recebeu multas altas por parte das autoridades europeias por práticas desleais com o objetivo de fortalecer sua posição dominante, principalmente no campo de buscas na internet.

Michael Carrier, professor de direito da Universidade de Rutgers e especializado em assuntos de concorrência, afirmou que o caso pode buscar forçar o Google a eliminar parte de seu software dos celulares Android. Nesse sentido, seria semelhante ao caso da Microsoft na década de 1990, no qual os clientes foram obrigados a usar outros programas.

Mas Carrier avaliou que a apresentação do processo apenas duas semanas antes das eleições “levanta a possibilidade de que as preocupações políticas estejam desempenhando um papel”. O caso é o de maior perfil desde a ação contra a Microsoft em 1998.

*Com informações da AFP

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