ONGs pedem à ONU atitude contra o Brasil por meta climática insuficiente

'Um sinal preocupante será dado a outros governos e atores sobre o nível de ambição que se espera deles', afirma rede ambientalista

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles Foto: Marcos Corrêa/PR

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Uma rede de 1300 organizações ligadas à defesa ambiental endereçou, nesta quinta-feira 28, uma carta à Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas para pressionar o governo brasileiro em relação às metas de redução de emissões de carbono.

 

 

Na visão da rede Climate Network, a meta de Contribuição Nacionalmente Determinada submetida pelo Brasil poderia mandar um “sinal negativo” para outros países.

No dia 9 de dezembro, para não deixar de cumprir um dos pontos mais importantes do Acordo de Paris, o Brasil divulgou a meta climática de redução de emissões de gases-estufa sem mudanças de perspectivas nem propostas práticas para atingir os objetivos.


Em 2015, o País havia prometido cortar 37% de suas emissões até 2025, em relação aos níveis daquele ano. A meta indicativa para 2030 era de corte de 43% nas emissões. Sem promover qualquer reajuste aos padrões observados em 2020, a meta foi apenas mantida, enquanto a chamada neutralidade de carbono foi lançada para 2060.

“Como a conta das emissões de 2005 foi refinada de lá para cá, a nova NDC significa, na prática, que o País chegará a 2030 emitindo de 200 milhões a 400 milhões de toneladas de CO2 a mais do que havia se comprometido em 2015”, contextualiza a nota.

A organização sugere sugere à secretária-executiva da Convenção do Clima da ONU, Patricia Espinosa, que apele ao Brasil para apresentar uma NDC aprimorada “que cumpra os requerimentos do Acordo de Paris”.

A próxima Conferência do Clima está marcada para acontecer entre 1º e 12 de novembro de 2021 em Glasgow, na Escócia.

“Além desses pontos, a falta de ambição das metas propostas pelo Brasil não é o único problema na NDC atualizada: o processo para produzir a ‘atualização da primeira NDC’ ocorreu sem nenhuma consulta, transparência ou participação”, acrescenta a rede.

Esta é a primeira vez que o movimento vai à ONU recomendando medidas de repreensão contra um único país.

“O exemplo do Brasil, que apresentou uma NDC em muitos aspectos mais fraca e menos ambiciosa que a anterior, não deveria ser aceito sob a UNFCCC e seu Acordo de Paris, menos ainda acolhido. Se tal NDC for acolhida, um sinal preocupante será dado a outros governos e atores sobre o nível de ambição que se espera deles”, finalizam.

 

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