Sustentabilidade

Mapa mundial de riscos climáticos inclui Brasil; estados da costa são mais vulneráveis

O trabalho analisou mais de 2.600 territórios em todo o mundo para classificar a vulnerabilidade desses locais até 2050

Termômetro de rua marca 38ºC na região central de São Paulo (Foto: Giovanna Galvani/CartaCapital)
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Um relatório divulgado nesta segunda-feira (20) pela empresa de consultoria australiana XDI, especializada na avaliação de riscos climáticos para investidores e analistas financeiros, aponta que zonas econômicas cruciais para a economia global na China, Estados Unidos, Índia, Indonésia e Brasil são altamente vulneráveis a catástrofes naturais, provocadas pelo aquecimento global nos próximos anos.

De acordo com o estudo inédito, o estado alemão da Baixa Saxônia é o território mais exposto na Europa, (56º no mundo). Na França, é a região de Hauts-de-France (121º lugar).

O trabalho analisou mais de 2.600 territórios em todo o mundo para classificar a vulnerabilidade desses locais até 2050.

O estudo faz um cálculo por “Dano Médio” de uma determinada propriedade, que engloba a média anual de prejuízos por danos causados por clima extremo e os custos que seriam necessários para cobrir esses gastos. Assim, é possível comparar os riscos climáticos em diferentes países onde os valores das propriedades e o custo para repará-las pode variar bastante, explica a XDI.

Já o Risco Climático Doméstico elenca estados, províncias e territórios através do mundo, de acordo com a probabilidade de enfrentarem as principais consequências do aquecimento global.

A metodologia da XDI enfoca o risco representado pelas principais consequências do aquecimento global: inundações fluviais e costeiras, calor extremo, incêndios florestais, deslizamentos de terra (relacionados à seca), ventos extremos e congelamento e degelo.

Os cálculos se baseiam em um cenário pessimista de especialistas climáticos da ONU, o IPCC – Painel Intergovernamental Para Mudanças Climáticas, de um aquecimento global superior a 3°C em relação a era pré-industrial, até o final do século, se houver uma alta de emissões de carbono. Esses níveis são geralmente usados como base para avaliações de risco por parte de bancos, de acordo com o XDI.

“Poderíamos ter, na melhor das hipóteses, um prêmio de risco nesses territórios e, na pior, uma fuga de capitais de investidores que buscam portos seguros”, explica Karl Mallon, diretor de Ciência e Risco Climático na XDI.

China, Estados Unidos e Índia

Só China, Estados Unidos e Índia concentram 80% dos 50 territórios em maior risco, segundo o ranking revelado pela XDI. Dos 10 primeiros colocados, nove são chineses, como as províncias de Jiangsu, Shandong e Hebei, no leste do país.

Ao consultar o mapa mundial publicado pela XDI, é possível ver claramente os países coloridos em tons de vermelho conforme seus sinais de risco. E a China concentra várias regiões com essa cor. No caso do Brasil, os estados com mais riscos estão todos localizados na costa do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Além do Brasil, regiões da Índia e da Indonésia também estão particularmente ameaçadas.

Alguns estados americanos com importância econômica significativa também aparecem com destaque no ranking: Flórida (10º), Califórnia (19º), Texas (20º).

Os autores enfatizam que esse inventário deveria encorajar os países a emitirem menos CO2 para limitar o aquecimento global e os desastres que o acompanham. Porém, apontam que isso também terá consequências financeiras – por exemplo, no preço de alguns títulos – e no comportamento dos agentes econômicos.

Neste carnaval, um forte temporal seguido de deslizamentos de terra matou ao menos 36 pessoas no litoral norte de São Paulo. O assunto ganhou as manchetes na França, chamando a atenção para o impacto das mudanças climáticas no país.

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