Política
Jovens ativistas são impedidos de participar de audiência sobre exploração de petróleo
A Agência Nacional de Petróleo busca leiloar áreas para a extração de petróleo e gás desconsiderando alertas ambientais do ICMBio
Integrantes da Fridays For Future Brasil (FFF) foram impedidos de participar de audiência pública da Agência Nacional do Petróleo nesta quarta-feira 03. O encontro virtual deu início a discussões sobre uma rodada de licitações para exploração de petróleo e gás natural na Bacia Potiguar, localizada ao longo da costa do estado do Rio Grande do Norte e extremo-leste do estado do Ceará.
“Começamos a protestar já no chat da audiência contra a exploração. Alguns integrantes também adentraram na sala com cartazes de protesto”, conta a CartaCapital Daniel Augusto Holanda, 19 anos, e integrante do movimento, que chegou a mobilizar cerca de 20 ativistas para o encontro, em parceria com o Instituto Arayara.
“Depois começamos a ser removidos da sala virtual. Tentamos articular para que outros participantes de fora entrassem na audiência, mas já não permitiam a nossa entrada”, conta Daniel, que acusa os organizadores da audiência pública de censura.
Today, another PUBLIC audience to auction lands for the exploitation of fossil fuels is taking place, and FFF BR activists are being kicked or blocked from entering the meeting because we are trying to make our voices heard! What kind of democracy is this??#LeilãoFóssilNão pic.twitter.com/vraeUgmFs0
— Greve Pelo Clima | Fridays for Future Brasil 🇧🇷 (@fridaysfuturebr) February 3, 2021
O movimento do Fridays For Future Brasil teve início em agosto de 2018, após a ativista Greta Thunberg protestar diante o parlamento sueco, juntamente com outros jovens, pela falta de ações no combate à crise climática. Hoje, o movimento brasileiro está presente em 22 estados, 325 cidades e reúne mais de 35 mil pessoas.
“Vamos continuar batendo nessa pauta porque não houve uma pesquisa prévia, as empresas envolvidas não sabem qual será o impacto ambiental desse leilão não só do ponto de vista do meio ambiente, como no dia a dia das pessoas da região. Só prevalece a ganância”, condena.
A rodada de negociações da ANP desconsidera parecer feito pelo ICMbio que aponta grandes riscos ambientais para a fauna marinha e a preservação de reservas ambientais próximas.
A autarquia se posicionou em nota afirmando que “tanto as atividades exploratórias quanto um evento acidental podem trazer danos irreparáveis à diversidade biológica desses ecossistemas”, referindo-se à Reserva Biológica do Atol das Rocas e ao Parque Nacional Fernando de Noronha.
Recomendações técnicas do Ibama também apontam a necessidade de uma avaliação ambiental nas áreas antes do leilão. A ANP, no entanto, se ampara em um parecer conjunto dos ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente. A previsão é de que o leilão ocorra no dia 7 de outubro de 2021.
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