Sustentabilidade

Cientistas propõem estratégia sustentável para a Amazônia baseada em três pontos

Entrega antecede a Cúpula da Amazônia que acontece logo após o mês de julho mais quente da história 

Reunião Científica para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Foto: Luara Baggi/ASCOM/MCTI)
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A ministra brasileira da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e a secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, a boliviana María Alexandra Moreira López, receberam no domingo 6 a Carta de Manaus, documento elaborado pela comunidade científica dos países amazônicos com propostas para a preservação do bioma.

Santos e López participam dos Diálogos Amazônicos, evento que precede a reunião entre os presidentes dos oito países da OTCA que começará terça-feira 8, em Belém.

A Cúpula da Amazônia, como é chamada, acontecerá logo após um mês de julho que foi o mais quente da história – que escancara ainda mais a inércia dos países do G20 diante das urgências impostas pelo aquecimento global.

A Carta de Manaus foi elaborada durante um encontro organizado pela Academia Brasileira de Ciências em parceria com a Rede Interamericana de Academias de Ciências, a Ianas, que reúne universidades de 24 países das Américas. O evento discutiu o desenvolvimento de soluções sustentáveis para a região, oferecendo subsídios às discussões a serem travadas na Cúpula da Amazônia.

As propostas são baseadas em um tripé. Todas as academias nacionais que integram a Ianas assinaram o documento.

  • com mais investimentos em pesquisa e educação em prol uma estratégia abrangente para a preservação e restauração da Amazônia;
  • implementar um modelo inovador de bioeconomia baseado em florestas e rios saudáveis; 
  • acabar, definitivamente, com todas as formas de degradação florestal.

Os cientistas veem como fundamental que os modelos de desenvolvimento para a Amazônia respondam às demandas e aspirações das comunidades que lá vivem: “É muito confortável para quem está no ar-condicionado com internet 8G dizer que quem está na floresta tem que conservar tudo. O que se oferece a essa população?”, indaga Helena Nader, presidente da ABC e co-presidente da Ianas. “Temos que ter propostas sustentáveis que só a ciência pode dar.”

Nader diz que, sem ciência, não é possível construir a sustentabilidade que buscamos para o planeta como um todo – e menos ainda para o bioma amazônico, tão fundamental para as metas que o mundo busca atingir atingir até 2030. No ano que vem, recorda-se, o Brasil será sede do encontro do G20 e a ABC será responsável pela reunião das 20 academias de ciências, a S20, que acontecerá simultaneamente: “Todos pretendemos ter uma discussão muito incisiva – e, se possível, decisiva – sobre o aquecimento global. Precisamos travar essa discussão, que vai além do aumento da temperatura”.

Se os governantes não iniciarem as mudanças imediatamente, alerta ela, o planeta terá problemas socioambientais graves já para as duas próximas gerações: “O mundo está cada vez mais ganancioso, mas já é tempo de discutirmos os rumos da humanidade e os aspectos sociais do aquecimento global. Além de discutir o que fazer para salvar o planeta, temos que discutir para quem e porque”.

María López, secretária-geral da OTCA, reafirma a importância da pressão da comunidade científica internacional sobre as autoridades:  “Os cientistas, gostemos ou não, se converteram em atores políticos. É momento de encarar e enfrentar o problema de forma direta e imediata”.

Coordenador da Cúpula da Amazônia pelo Itamaraty, o embaixador Antônio Ricarte também convida os cientistas a refletir sobre as relações entre a questão amazônica envolve e a soberania nacional. “Os países amazônicos tomaram para si o dever de criar conhecimento autóctone para a região. Não se pode aceitar que países de fora tomem a liderança de um desafio que não lhes compete”.

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