Política
Brasil pode preservar sua floresta e aumentar a produção, diz Lula na COP28
O governo chegou ao evento com duas propostas: uma interna, de recuperação de terras, e outra com o pedido por fundos internacionais
O Brasil pode preservar suas florestas e, ao mesmo tempo, aumentar sua produção, declarou neste domingo 3 o presidente Lula (PT) em Dubai, pouco antes de deixar a COP28.
Após participar do evento neste fim de semana, o petista embarcou para Berlim, na Alemanha.
“Eu queria mostrar que é plenamente possível manter a floresta intacta. E a gente teve terra para gente plantar o que quiser”, disse Lula. “Nós queremos convencer, mas não queremos brigar.”
O governo Lula chegou à COP28 com duas propostas: uma interna, de recuperação de terras, e outra com o pedido por fundos internacionais para remunerar a preservação de florestas tropicais em cerca de 80 países.
“Nós estamos agora com um programa muito sério, que é a recuperação de quase 40 milhões de hectares de terras degradadas”, prosseguiu. “Portanto, a gente vai poder dobrar a produção. Nós vamos manter tudo, tudo intocável.”
A proposta brasileira para os países tropicais sugere, em linhas gerais, um montante anual para cada hectare de floresta preservado, com a possibilidade de revisão periódica. Para cada hectare desmatado, prevê uma penalidade ou desconto equivalente ao montante arrecadado por 100 hectares preservados.
O monitoramento deve incluir um método de vigilância transparente adotado por investidores e beneficiários.
O desmatamento da Amazônia, que sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) aumentou 75% frente à média da década anterior, caiu cerca de 22% nos 12 meses até julho deste ano, segundo números oficiais.
Combustíveis fósseis
Antes de embarcar para Berlim, Lula também afirmou desconhecer o plano do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de inaugurar uma subsidiária da empresa no Oriente Médio.
“Como a cabeça dele é muito fértil, e ele pensa numa velocidade de Fórmula 1 e eu funciono numa velocidade de Volkswagen, eu preciso aprender o que é isso que ele vai fazer”, disse o petista em uma coletiva de imprensa. “Eu vou conversar com ele.”
“A Petrobras não vai deixar de prospectar petróleo. É importante lembrar isso. Porque o combustível fóssil ainda vai funcionar durante muito tempo na economia mundial. Mas, ao mesmo tempo, a Petrobras vai se transformar numa empresa não de petróleo apenas, mas numa empresa que vai cuidar da energia como um todo.”
Na sexta-feira 1º, Prates afirmou que a Petrobras iniciaria ainda em dezembro os estudos sobre a abertura de uma subsidiária para fortalecer os laços no Oriente Médio. “Vamos analisar a viabilidade de estabelecer uma subsidiária integral no Golfo: Petrobras Arábia”, declarou à Bloomberg News.
Neste domingo, Lula também defendeu o ingresso do Brasil como uma espécie de observador no grupo expandido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep+.
“O observador vai para ouvir e vai para dar palpite. E por que é importante para o Brasil participar? É verdade que nós precisamos diminuir o combustível fóssil, mas é verdade que nós precisamos criar alternativa”, justificou. “Então, antes de acabar, você precisa oferecer à humanidade uma opção. A participação na Opep+ é para a gente discutir com a Opep a necessidade investirem um pouco do seu dinheiro para ajudar os países pobres do continente africano, da América Latina, da Ásia.”
A Opep+ nasceu em 2016, quando a Rússia e outros nove países – Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, México, Bahrein, Brunei, Omã, Sudão e Sudão do Sul – somaram forças com os 13 membros da Opep – Venezuela, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Nigéria, Líbia, Kuwait, Iraque, Irã, Gabão, Guiné Equatorial, República do Congo, Angola e Argélia – para frear a queda nos preços do petróleo.
Desde o fim de 2022, a Opep+ adotou cortes de abastecimento de aproximadamente 5 milhões de barris por dia.
(Com informações da AFP)
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