Política

Brasil pode preservar sua floresta e aumentar a produção, diz Lula na COP28

O governo chegou ao evento com duas propostas: uma interna, de recuperação de terras, e outra com o pedido por fundos internacionais

O presidente Lula nos Emirados Árabes Unidos, antes de embarcar para a Alemanha, em 3 de dezembro de 2023. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Apoie Siga-nos no

O Brasil pode preservar suas florestas e, ao mesmo tempo, aumentar sua produção, declarou neste domingo 3 o presidente Lula (PT) em Dubai, pouco antes de deixar a COP28.

Após participar do evento neste fim de semana, o petista embarcou para Berlim, na Alemanha.

“Eu queria mostrar que é plenamente possível manter a floresta intacta. E a gente teve terra para gente plantar o que quiser”, disse Lula. “Nós queremos convencer, mas não queremos brigar.”

O governo Lula chegou à COP28 com duas propostas: uma interna, de recuperação de terras, e outra com o pedido por fundos internacionais para remunerar a preservação de florestas tropicais em cerca de 80 países.

“Nós estamos agora com um programa muito sério, que é a recuperação de quase 40 milhões de hectares de terras degradadas”, prosseguiu. “Portanto, a gente vai poder dobrar a produção. Nós vamos manter tudo, tudo intocável.”

A proposta brasileira para os países tropicais sugere, em linhas gerais, um montante anual para cada hectare de floresta preservado, com a possibilidade de revisão periódica. Para cada hectare desmatado, prevê uma penalidade ou desconto equivalente ao montante arrecadado por 100 hectares preservados.

O monitoramento deve incluir um método de vigilância transparente adotado por investidores e beneficiários.

O desmatamento da Amazônia, que sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) aumentou 75% frente à média da década anterior, caiu cerca de 22% nos 12 meses até julho deste ano, segundo números oficiais.

Combustíveis fósseis

Antes de embarcar para Berlim, Lula também afirmou desconhecer o plano do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de inaugurar uma subsidiária da empresa no Oriente Médio.

“Como a cabeça dele é muito fértil, e ele pensa numa velocidade de Fórmula 1 e eu funciono numa velocidade de Volkswagen, eu preciso aprender o que é isso que ele vai fazer”, disse o petista em uma coletiva de imprensa. “Eu vou conversar com ele.”

“A Petrobras não vai deixar de prospectar petróleo. É importante lembrar isso. Porque o combustível fóssil ainda vai funcionar durante muito tempo na economia mundial. Mas, ao mesmo tempo, a Petrobras vai se transformar numa empresa não de petróleo apenas, mas numa empresa que vai cuidar da energia como um todo.”

Na sexta-feira 1º, Prates afirmou que a Petrobras iniciaria ainda em dezembro os estudos sobre a abertura de uma subsidiária para fortalecer os laços no Oriente Médio. “Vamos analisar a viabilidade de estabelecer uma subsidiária integral no Golfo: Petrobras Arábia”, declarou à Bloomberg News.

Neste domingo, Lula também defendeu o ingresso do Brasil como uma espécie de observador no grupo expandido da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep+.

“O observador vai para ouvir e vai para dar palpite. E por que é importante para o Brasil participar? É verdade que nós precisamos diminuir o combustível fóssil, mas é verdade que nós precisamos criar alternativa”, justificou. “Então, antes de acabar, você precisa oferecer à humanidade uma opção. A participação na Opep+ é para a gente discutir com a Opep a necessidade investirem um pouco do seu dinheiro para ajudar os países pobres do continente africano, da América Latina, da Ásia.”

A Opep+ nasceu em 2016, quando a Rússia e outros nove países – Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, México, Bahrein, Brunei, Omã, Sudão e Sudão do Sul – somaram forças com os 13 membros da Opep – Venezuela, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Nigéria, Líbia, Kuwait, Iraque, Irã, Gabão, Guiné Equatorial, República do Congo, Angola e Argélia – para frear a queda nos preços do petróleo.

Desde o fim de 2022, a Opep+ adotou cortes de abastecimento de aproximadamente 5 milhões de barris por dia.

(Com informações da AFP)

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo