Sustentabilidade

Amazonas registra aumento histórico de queimadas; Bolsonaro diz que Brasil é o país que mais preserva

Ao lado do ministro Ricardo Salles, o presidente disse que a região é ‘tomada por ONGs estrangeiras e cobiçada por muitos’

(Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real) (Foto: Bruno Kelly/Amazonia Real)
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado 5, que o Brasil é o País que mais preserva o meio ambiente no mundo.

A declaração foi feita em vídeo, publicado em seu perfil em uma rede social, em comemoração ao Dia da Amazônia.

Ao lado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o presidente acrescentou que a região é “tomada por ONGs estrangeiras e cobiçada por muitos”.

Aumento histórico

A declaração de Bolsonaro vem um dia após os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) se tornarem públicos.

De acordo com os números, divulgados pelo G1, o Amazonas fechou o mês de agosto com mais de oito mil focos de queimadas.

O dado, que já representava o maior para o mês nos últimos 22 anos, bateu outro recorde histórico e passou a ser o mais elevado para um único mês desde 1998. Foram 8.030 mil focos de queimadas registrados no período.

No primeiro semestre do ano, o estado já havia registrado um aumento de 51,7% na quantidade de focos de queimada, em comparação com o mesmo período, em 2019.

Presidente x ONGs

Na sexta-feira 4, duas ONGs reagiram aos  ataques do presidente, que acusou as organizações de serem um “câncer” para o Brasil.

Em resposta, o Greenpeace Brasil e a Human Rights Watch disseram que Bolsonaro tenta se eximir da culpa pelo aumento do desmatamento e das queimadas.

“Essa declaração mostra o desprezo absoluto [de Bolsonaro] pelas ações das ONGs”, bem como sua disposição de “esconder o fato de que suas políticas anti-ambientais têm acelerado a destruição da floresta, com consequências muito graves para a segurança daqueles que tentam defendê-la”, escreveu a Human Rights Watch em nota.

O Greenpeace Brasil denunciou o “rompante autoritário [de Bolsonaro] onde a palavra ‘matar’ é recorrente” e afirmou que, com sua fala “violenta e inaceitável”, o presidente “só demonstra que ele não está disposto a tomar qualquer tipo de ação efetiva para evitar que a Amazônia seja destruída”.

“Vocês sabem que as ONGs não têm vez comigo”, disse o presidente de extrema direita na quinta-feira 3 em sua transmissão ao vivo semanal no Facebook. “A gente bota para quebrar em cima desse pessoal lá. Não consigo matar esse câncer em grande parte chamado ONG que tem na Amazônia”, acrescentou.

Bolsonaro se referia, entre outras coisas, a uma campanha em inglês intitulada “defundbolsonaro.org”, lançada na internet esta semana por diversas ONGs. Elas pedem que qualquer investimento no Brasil dependa de compromissos firmes com a preservação da floresta amazônica. A campanha tem como slogan “Bolsonaro está queimando a Amazônia. De novo. De que lado você está?”.

Em junho, fundos de investimento que administram cerca de 4 trilhões de dólares ameaçaram virar as costas para o Brasil se o governo não mudar sua política ambiental.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Internacional, general Augusto Heleno, admitiu em entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal Estado de S.Paulo que é possível “melhorar” a ação do governo para preservar a Amazônia, mas também criticou as ONGs.

“Existem organizações não governamentais cujo esporte preferido é falar mal da Amazônia. Por trás disso, existem interesses muito grandes, muito acima de interesses ambientais e preservação”, disse o ministro.

Bolsonaro é criticado dentro e fora do Brasil por defender a abertura da Amazônia à mineração, energia e agricultura. As ONGs o repreendem pelo alarmante aumento das queimadas desde o ano passado, em grande parte consequência do desmatamento e dos incêndios para a limpeza de pasto.

(Com informações da AFP)

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