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Alertas de desmatamento fazem Amazônia ter 2ª pior temporada em cinco anos

Os três recordes da série foram batidos no governo Bolsonaro, no qual os alertas são 69,8% maiores que a média dos anos anteriores

Alertas de desmatamento fazem Amazônia ter 2ª pior temporada em cinco anos
Alertas de desmatamento fazem Amazônia ter 2ª pior temporada em cinco anos
Parte da floresta amazônica desmatada. Foto: Carlos Fabal/AFP
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O acumulado de alertas de desmatamento em 2021 na Amazônia foi de 8.712 km², segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira 6. É a segunda pior temporada em cinco anos.

A área equivale a mais que cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Na temporada anterior, que vai de agosto de 2019 e julho de 2020, o número era de 9.216 km². Apesar da redução de 5% entre uma temporada e outra, o número continua alto.

“Estamos em um momento crucial para o equilíbrio climático do planeta, e manter as florestas é a principal contribuição que o Brasil pode dar neste momento a esse desafio global”, afirmou o diretor-executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães, ao G1.

“Os três recordes da série foram batidos no governo Bolsonaro, no qual os alertas são 69,8% maiores que a média dos anos anteriores. O resultado indica que o desmatamento anual deverá, pela terceira vez, ficar próximo de 10 mil km², o que não ocorria desde 2008”, alerta o Observatório do Clima.

O primeiro semestre de 2021 teve a maior área sob alerta de desmatamento em seis anos. Foram 3.609 km² entre 1º de janeiro e 30 de junho, índice superior ao dos anos anteriores. A área desmatada em 6 meses corresponde há mais de duas cidades de São Paulo. Os meses de março, abril, maio e junho deste ano foram os meses com índices recordes de desmatamento.

Além do desmatamento, ainda houve um aumento no número de focos de queimadas em 14 anos para o período de junho.

Assim como na temporada anterior, o Pará foi o estado com maior área da Amazônia Legal sob alerta de desmatamento em julho: 498 km². Entre 2019 e 2020, o estado concentrou quase metade de todo o desmatamento na Amazônia Legal, segundo o monitoramento do Prodes.

Em segundo lugar veio o Amazonas, com 401 km² sob alerta. Depois vieram Rondônia, com 222 km², e Acre, com 152 km². O Mato Grosso teve 118 km² sob alerta, o Maranhão, 21 km², Roraima, 1 km², e o Tocantins, 1 km².

Na segunda-feira 2, o vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, afirmou que a meta de redução de desmatamento na Amazônia não seria cumprida.

A meta desejava atingir 12% de redução na taxa anual de desmatamento, calculada entre agosto de 2020 e julho de 2021, no entanto, Mourão declarou que a redução ficar na faixa de 4% a 5%.

“Fechou o ciclo, o ciclo fechou no dia 31 de julho, provavelmente não vou cumprir aquilo que eu achava que seria o nosso papel de chegar a 10% de redução. Acho que vai dar na faixa de 4% a 5%, uma redução muito pequena, muito irrisória, mas já é um caminho andado”, disse Mourão.

Para o Observatório do Clima, falta uma política de controle do desmatamento. “O plano de controle do desmatamento criado em 2004 foi abandonado”, alerta a organização.

“A ‘foice no Ibama’ ordenada por Bolsonaro no começo de seu mandato derrubou pela metade as multas por crimes contra a flora na Amazônia em relação a 2018, último ano antes do início da atual gestão. O governo ainda paralisou o fundo Amazônia e travou a cobrança de multas ambientais do país. O novo ministro, Joaquim Leite, até agora não tomou nenhuma medida que contrarie as políticas de seu antecessor”, reforça o Observatório do Clima.

Em nota, a entidade lembrou que os três recordes da série foram batidos no governo Bolsonaro. “Há dois anos e meio o regime de Jair Bolsonaro se dedica a desmontar a governança ambiental e a ativamente estimular o crime.”

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