Sociedade
77% das áreas de garimpo na Amazônia estão a menos de 500 metros de rios e lagos
As imagens de satélite mostraram ainda que o bioma concentrava 92% de toda a área garimpada no País em 2022


Um levantamento do MapBiomas divulgado nesta quinta-feira 18 aponta que 77% das áreas de garimpo na Amazônia em 2022 estavam a menos de 500 metros de rios, lagos ou igarapés.
As imagens de satélite mostraram ainda que o bioma concentrava 92% de toda a área garimpada no País, cerca de 241 mil hectares.
Do total, 186 mil hectares ficavam a menos de meio quilômetro de algum curso d’água e outros 25,1 mil hectares de garimpo estavam em terras indígenas.
Esse movimento torna ainda mais grave “a contaminação da água pelo mercúrio e mais recentemente por cianeto, [que] alcançam áreas muito maiores”, destacou Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas.
Os indígenas são mais afetados, apesar de concentrarem as áreas mais preservadas do território, e ficam mais expostos aos danos do garimpo.
“A concentração de garimpos próximo aos cursos d’água é extremamente preocupante, uma vez que populações indígenas e ribeirinhas usam quase que exclusivamente dos rios e lagos para sua subsistência alimentar”, enfatizou Diniz.
O alerta vale especialmente para as Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami – esta passa por uma crise humanitária nos últimos anos.
“A contaminação dos rios e lagos representa para ribeirinhos e indígenas a fome, a sede e graves riscos à saúde destas comunidades – todos muito mais graves nas fases iniciais da vida”, completou o coordenador técnico.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Desmatamento em terras indígenas da Amazônia alcança o menor nível em seis anos
Por Caio César
Assassinos de ambientalistas na Amazônia são condenados a 28 anos de prisão
Por AFP
Sem controle adequado, bancos públicos financiaram o avanço ilegal do agronegócio na Amazônia
Por Wendal Carmo