Sociedade

Taxa de homicídios no Brasil é cinco vezes maior que a média global

Estudo da ONU mostra que a América é o continente com maior número de assassinatos; El Salvador é o país com maior índice

Foto: Agência Brasil Foto: Agência Brasil
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Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que a América é o continente com a maior taxa de assassinatos no mundo. O documento “O Estudo Mundial Sobre o Homicídio” foi divulgado nesta segunda-feira 8 pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). A situação no continente americano é descrita como dramática: o registro é de 17,2 assassinatos a cada 100 mil habitantes, sendo a única região em que a taxa de homicídios aumentou desde 1990.

O informe demonstra um aumento sistemático de homicídios nos últimos 30 anos. De acordo com a pesquisa, em 2017, foram 464 mil homicídios, frente a 395 mil em 1992. Esses números são maiores que as mortes causadas por conflitos armados, que chegaram a 89 mil no mesmo ano.

A América Central é vista como a região mais violenta e perigosa para se viver. O país com maior taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes é El Salvador (62,1), seguido de Jamaica (57) e Honduras (41,7).

Na América do Sul, a Venezuela lidera (56,8), seguida do Brasil (30,5). A taxa brasileira é cinco vezes maior que a média global (6,1). Segundo o relatório, a tendência do Brasil é crescente: em 2012, oscilava entre 20 e 26 a cada 100 mil habitantes.

Cerca de 1,2 milhão de pessoas perderam a vida em território brasileiro por homicídios dolosos entre 1991 e 2017. A UNODC alerta para o alto número de homicídios cometidos por policiais. Em 2015, a polícia brasileira assassinou 1.599 pessoas, bem acima de El Salvador (218) e Jamaica (90). Em números absolutos, Brasil e Nigéria, que respondem a cerca de 5% da população global, respondem por 28% dos homicídios no mundo.

O Chile foi o país que apresentou o menor índice (3,1), sendo o único na região com o número abaixo da média internacional. A Colômbia apresentou queda significativa, caindo de 80 em 1991 para 25 em 2017. Segundo a UNODC, uma das razões para o decréscimo foi a intensificação da ação estatal contra o tráfico de drogas no país.

A América é seguida da África (13), Europa (3), Oceania (2,8) e Ásia (2,3). O documento atribui o crescimento do número de assassinatos no continente americano ao crime organizado e à ação de facções. O crime organizado foi responsável por 19% de todos os homicídios em 2017.

O estudo também aponta para a facilidade do acesso às armas de fogo, usadas em mais da metade dos casos, além da desigualdade social, a impunidade, o consumo de drogas e os estereótipos de gênero.

Mulheres na mira familiar

Os homens são 81% das vítimas e 90% dos suspeitos. Porém, um recorte alarmante chama atenção para a violência de gênero: em maior parte, os assassinos das mulheres são parceiros íntimos ou familiares. Mais de nove a cada dez suspeitos em casos de homicídio são homens.

“Assassinatos cometidos por parceiros íntimos são raramente espontâneos ou aleatórios”, diz Yuri Fedotov, diretor-executivo do UNODC. Para ele, a questão do feminicídio frequentemente não é relatada e é “muitas vezes ignorada”.

No fim de junho, a ONU já havia divulgado um relatório indicando políticas para reduzir a desigualdade de gênero. Entre elas, estava a prevenção de violência contra a mulher dentro das famílias. De acordo com as Nações Unidas, 58% das mulheres vítimas de homicídio foram mortas por um membro da família.

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