Justiça

Suspeitos pela morte de Marielle movimentaram milhões de reais após o crime

Delator afirmou que Ronnie Lessa teve aumento significativo de patrimônio; Maxwell movimentou R$ 6,4 milhões, segundo cálculos da PF

Ronnie Lessa, Élcio de Queiroz e Maxwell Simões Corrêa são acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes Imagem: Reprodução
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Os suspeitos de executarem a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes movimentaram uma grande quantidade de dinheiro após o crime, ocorrido em 2018.

Informações da Polícia Federal indicam que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa movimentou cerca de 6,4 milhões de reais em sua conta pessoal e por meio de uma empresa.

Como bombeiro, Maxwell ganhava 10 mil reais mensais. No entanto, entre 12 de março de 2019 e 13 de outubro de 2012, a conta bancária o suspeito recebeu 569 mil reais e efetuou pagamentos no valor de 567 mil reais. Os dados têm como base informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf.

As movimentações, que no período somam 1,1 milhão, são incompatíveis com seus rendimentos como servidor público.

Uma empresa de titularidade de Maxwell movimentou 5,3 milhões de reais. As operações são suspeitas e podem apontar possível lavagem de dinheiro.

As investigações revelaram que a empresa foi aberta com a participação de uma possível laranja que trabalhava em uma loja de vestuário.

Todos os valores foram movimentados no período posterior ao crime e pouco tempo após a abertura da empresa, o que reforça os indícios da lavagem de dinheiro.

De acordo com o relatório policial, a conta pode ter sido usada apenas como passagem para tentar legalizar recursos com origem ilícita.

Conforme apurado pela PF, Maxwell tem relações com pessoas suspeitas de prática de crimes, como milicianos e estelionatários.

Uma das transferências recebidas pelo ex-bombeiro foi enviada da conta de Fábio Marques Nobre de Almeida, apontado pela investigação como miliciano.

O outro envolvido na morte da vereadora, Ronnie Lessa, também teve considerável crescimento de patrimônio após o crime.

Conforme delação premiada de Élcio de Queiroz, o ex-PM comprou uma caminhonete, uma lancha e fez viagens ao exterior com o filho.

Lessa ainda teria dito a Élcio que tinha dinheiro para fazer obras em duas casas: uma em Angra e outra na Barra da Tijuca.

Élcio ainda afirmou que foi convencido por Lessa de que o crime não teria como motivação o dinheiro, e sim motivos “pessoais”.

“No caminho [para o local do crime] fui perguntando qual é a situação. Aí ele [Lessa] falou que era a vereadora, falou o nome, mas eu não sabia quem era. Mas aí eu falei: o que é a situação? Ele falou que era pessoal. Mas tem dinheiro nisso aí, o que é? Aí ele falou não, é pessoal. Aí fomos seguindo, ele foi me orientando”, disse o ex-PM Élcio Franco, em delação à PF.

Relatos contidos na delação premiada de Élcio de Queiroz apontam a ligação de Maxwell e Ronnie Lessa no ataque que culminou na morte da vereadora e do motorista.

O ex-bombeiro teria atuado no planejamento do crime e, posteriormente, custeou as despesas da família de Élcio após a prisão, bem como a defesa do delator.

Lessa foi apontado como o executor dos assassinatos.

De acordo com a PF, Maxwell integrava a milícia e explorava a venda clandestina de TV a cabo no bairro do Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio. Ele teria assumido o controle de parte dos negócios de Ronnie Lessa após sua prisão, ainda em 2019.

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