Política
SP: Advogado vai à Justiça para tirar templos religiosos da lista de atividades essenciais
Avanço da Covid-19 no estado é preocupante; o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, diz que há hospitais colapsados


O advogado Flávio Grossi acionou a Justiça para derrubar um decreto do governo de João Doria (PSDB) que incluiu atividades religiosas entre aquelas consideradas essenciais e autorizadas a funcionar durante a fase vermelha – a mais restritiva – do plano de enfrentamento à pandemia em São Paulo.
A ação foi encaminhada ao Ministério Público paulista pela juíza Cynthia Thomé, da 6ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Segundo Grossi, há um “risco iminente de dano irreversível ao patrimônio do estado de São Paulo com o aumento de infecções por SARS-CoV-2 a partir das aglomerações em igrejas, templos e centros religiosos de quaisquer naturezas”.
“A mensagem que o governador paulista passa à população é absolutamente discordante: por um lado, defende o isolamento e decreta medidas de restrição; por outro, é conivente com a aglomeração em igrejas”, argumenta ainda o advogado.
Grossi pede “a concessão da tutela de urgência pugnada, suspendendo-se os efeitos do decreto” e que “seja julgada totalmente procedente a ação proposta, declarando-se nulo o decreto”.
A fase vermelha permanecerá em vigor pelo menos entre este sábado 6 e o dia 19. Ela só permite o funcionamento normal de serviços como indústrias, escolas, bancos, lotéricas, serviços de saúde e de segurança públicos e privados, construção civil, farmácias, mercados, padarias, lojas de conveniência, feiras livres, bancas de jornal, postos de combustíveis, lavanderias, hotelaria e transporte público ou por aplicativo.
Nesta sexta-feira 5, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, expôs sua preocupação quanto a um colapso no sistema de saúde do estado, em meio à alta nos números da Covid-19.
“Algumas unidades, infelizmente, já colapsaram”, declarou o secretário durante entrevista coletiva, sem divulgar os nomes e a localização dos hospitais. “Não queremos que as pessoas morram sem assistência. O mínimo que podemos dar é dignidade. Nem que a gente coloque em qualquer lugar o cilindro do oxigênio, que distribua a pessoa até mesmo nos corredores. Nós vamos garantir a assistência”.
O estado de São Paulo contabiliza 2.093.924 casos e 61.064 mortes pela Covid-19. A ocupação, nesta sexta, é de 77,4% em leitos de UTI (79,1% na Grande São Paulo). Nas enfermarias, a ocupação é de 59,6% (66,9% na Grande São Paulo).
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