Sem acordo, grevistas acionam a OIT e o MP contra eventuais represálias de Tarcísio

Em coletiva, o governador rejeitou qualquer acordo e defendeu punição individual aos grevistas; em contrapartida devem realizar novas ações contra privatização

Ato de lançamento do plebiscito contra privatização do metrô, CPTM e Sabesp, na Quadra dos Bancários, em São Paulo — Foto: Sebastião Moura/CartaCapital

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A terceira greve contra a privatização do Metrô, CPTM e Sabesp, deve acabar sem acordo entre as categorias e o governo do Estado de São Paulo

O horário previsto para o término da greve é às 23h59 desta terça-feira 28, como afirmou o presidente presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente, José Antonio Faggian

Enquanto os sindicatos defendem um plebiscito popular para votação sobre o tema, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) classificou as paralisações como “ilegais” e reafirmou que “não há acordos” sobre projetos que ele propôs na campanha eleitoral.

“O posicionamento do governador expressa sua visão antidemocrática de não aceitar que uma parcela da sociedade se insurja contra uma política que não foi escrutinada pela sociedade”, rebateu Marcelo, representante do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), que também integraram a paralisação, em razão do projeto de contingenciamento aos recursos em Educação

“É uma tese equivocada que Tarcísio pelo fato de ter sido eleito, ele pode vender o estado de São Paulo para os seus amigos empresários, como ela já está fazendo”.

Os representantes argumentam que as declarações têm como intuito criminalizar os sindicatos. 


Na última greve, em 3 de outubro, pelo menos cinco funcionários foram demitidos após as paralisações, além das multas impostas aos sindicatos.

No caso dos representantes da Sabesp, a ação terminou com ganho para o sindicato. 

Durante a coletiva desta terça-feira 28, o governador reafirmou a intenção de punir individualmente os funcionários. 

“Então, o que a gente vai fazer dessa vez? Vamos designar os servidores que terão de cumprir a ordem judicial. Quem vai ter que cumprir aquele percentual? (Serão os servidores) A, B, C, D. Vamos fazer essa designação”, disse Freitas. 

“Porque é importante a gente descobrir quem descumpriu a ordem judicial. Não o sindicato, não a coletividade. Qual é o servidor que se recusou a cumprir a ordem judicial”.

Para evitar novas represálias, o sindicato acionou a Organização Internacional do Trabalho e o Ministério Público.

Ainda sobre a nova greve, Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários, destaca a resposta judicial sobre o caso. 

“Na liminar, o juiz reconhece a nossa pauta como político-trabalhista porque os processos de privatização eles ameaçam postos de trabalho”, afirma. “E não tem nada mais legítimo com o trabalhador do que lutar em defesa do seu emprego, então tem uma conotação escancaradamente trabalhista”. 

Ela ainda denuncia que o plano de contingenciamento, responsável pela operação parcial das linhas, tem operado com funcionários sem treinamento. 

Sem possibilidade de diálogo com a gestão, os sindicalistas preveem continuidade de paralisações e outras medidas contra a privatização. 

“Tudo isso vai continuar acontecendo sem dúvidas, porque nós não vamos permitir que o Tarcísio entregue o patrimônio do povo de São Paulo para seus amigos empresários lucrarem, em detrimento do pensar e da saúde do povo de São Paulo”, afirmou Faggian. 

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