Sociedade
Rapper Oruam é solto após segunda detenção em uma semana no Rio
Ele assinou termo circunstanciado e foi liberado


O rapper Oruam foi detido na manhã desta quarta-feira 26 durante uma operação policial no Rio de Janeiro. Horas depois, foi liberado após assinar termo circunstanciado. Essa foi a segunda vez que Oruam foi levado pela polícia em uma semana, em dois casos não relacionados.
O episódio desta quarta aconteceu durante uma operação de busca e apreensão realizada no endereço do cantor. A operação foi deflagrada após investigações indicarem que Oruam teria disparado uma arma de fogo em um condomínio de São Paulo. O episódio ocorreu em dezembro de 2024 e, segundo a polícia, colocou em risco a integridade de outras pessoas. Durante as buscas, Yuri Pereira Gonçalves, procurado por associação criminosa e tráfico de drogas, foi localizado dentro da casa de Oruam, o que teria motivado a prisão do rapper.
Segundo a polícia, o artista foi enquadrado por favorecimento pessoal, ou seja, por ter ajudado o foragido a escapar das autoridades. Ao chegar à delegacia, ele foi abordado por repórteres e se negou a comentar. “Vou falar não. Tu é delegado, é juiz pra eu falar com você? Tudo que eu falar não adianta, eu já sou culpado”, disse, em declarações exibidas ao vivo pela TV Globo.
Após ser liberado, Oruam voltou a falar com jornalistas, e disse que Yuri “não é traficante”. “É uma pessoa normal, é meu amigo. Eu não sabia que ele estava foragido”, disse o artista, que afirmou, ainda, que os tiros disparados em São Paulo eram de arma de borracha.
Primeira prisão
Na última quinta-feira 20, Oruam já tinha sido conduzido a delegacia por policiais do Rio de Janeiro, depois de realizar uma manobra arriscada conhecida como “cavalo de pau” em frente a um veículo da Polícia Militar. Na ocasião, pagou fiança de 60 mil reais e foi solto. Horas mais tarde, divulgou uma música que fala sobre “liberdade”.
Quem é Oruam?
Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, é filho de Marcinho VP, apontado como um dos chefes da facção Comando Vermelho. Em 2024, durante o festival Lollapalooza, em São Paulo, o artista usou uma camiseta pedindo a liberdade do pai, condenado a 44 anos de prisão por tráfico de drogas e homicídios.
“Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Não tentem tirar de uma pessoa o direito de reivindicar condições melhores para o seu pai, e nem de quer vê-lo em liberdade”, escreveu nas redes sociais na época.
Nas últimas semanas foram protocolados, em diversas partes do país, projetos apelidados de “Lei Anti Oruam”, que visam proibir, por parte do poder público, a contratação de artistas que fazem, segundo os políticos, “apologia ao crime”.
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