Sociedade

Presidente da Anvisa ignora ataques de Bolsonaro: ‘Temos o passaporte da vacina’

‘Se não quiser falar ‘passaporte’, tem atesto vacinal, certificado vacinal… A Língua Portuguesa é muito rica’, disse Antonio Barra Torres

O Presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra Torres. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra Torres, minimizou a nova ofensiva do presidente Jair Bolsonaro contra o passaporte da vacina e afirmou que, na prática, o Brasil adotou a medida.

A edição desta quinta-feira 9 do Diário Oficial da União traz a determinação de que, a partir do próximo sábado 11, viajantes que entrarem no Brasil por via aérea terão de fazer quarentena de cinco dias se não apresentarem o comprovante de imunização.

“Temos o passaporte da vacina, que é sinônimo de certificado da vacina, documento da vacina, atesto da vacina”, disse Barra Torres em entrevista à CNN Brasil, em meio a ataques diretos de Bolsonaro e aliados do governo.

“Se não quiser falar passaporte vacinal, tem atesto vacinal, certificado vacinal, documento vacinal. A Língua Portuguesa é muito rica, podemos usar vários nomes.”

Na terça-feira 7, Bolsonaro classificou como “coleira” o passaporte da vacina e mentiu sobre recomendações da Anvisa, afirmando que o órgão teria sugerido “fechar o espaço aéreo” do País. Nesta quinta, o presidente da República elogiou Rondônia, estado em que os deputados aprovaram uma lei que proíbe a exigência do comprovante de vacinação, e mandou um recado direto ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

“Outro governador, aqui da região Sudeste, quer fazer o contrário e ameaça: ‘ninguém vai entrar no meu estado’. Teu estado é o cacete. Nós todos temos que reagir. Reagir como? Protestando contra isso”, disse Bolsonaro.

Segundo Barra Torres, a Anvisa “não tem tempo para se dedicar” a esses ataques.

“Se houvesse tempo, entendo que essas opiniões ficam com as pessoas que as emitiram. A quem as emitiu, a minha palavra de perdão. Não guardo nenhum sentimento ruim. Me entristece quando são colocações feitas à equipe da Anvisa, uma equipe que tem trabalhado muito bem”, acrescentou.

Apesar do pavor de Bolsonaro quanto ao termo “passaporte da vacina”, o presidente da Anvisa avalia que a portaria do governo contempla as recomendações.

“É uma medida de reforço à segurança e à proteção sanitária que podemos ofertar à população. Passa uma mensagem clara aos viajantes de que é até melhor vir vacinado, porque vindo vacinado não haverá necessidade de autoquarentena. Mas, como também acreditamos na modalidade voluntária da vacinação, temos que respeitar as questões que existem na não vacinação.”

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